Volkswagen Saveiro Extreme: nova versão da picape é uma boa compra?

lanternas escurecidas são interligadas por uma faixa em preto fosco, criando um efeito semelhante ao do T-Cross | Foto: Adair Santos/Carros e Carangas

Em produção há 41 anos e com mais de 1,6 milhão de unidades vendidas, a Saveiro é, inquestionavelmente, um sucesso de mercado. Em agosto de 2023, a quinta geração recebeu um facelift e ganhou uma nova versão, a estilosa Extreme. Mas será que esse ‘‘tapa no visual’’ é suficiente para disfarçar a idade diante de concorrentes mais modernas, como a Fiat Strada? Confira as Impressões ao Dirigir.

A versão Extreme cabine dupla enviada para teste pela montadora custa R$ 115,6 mil e ocupa o topo da gama. Abaixo dela estão a também cabine dupla Robust (R$ 110,79 mil) e as cabine simples Trendline (R$ 102,49 mil) e Robust (R$ 98,67 mil). A Extreme, assim como a Robust cabine dupla, tem apenas duas portas, o que as obriga a terem grandes dimensões. Lembrei agora dos carros de duas portas dos anos 80, com suas portas gigantes. Em shoppings e vagas de condomínio, é preciso redobrar o cuidado para não batê-las em colunas e nos carros vizinhos. A Strada tem 4 portas, facilitando o acesso. A título de comparação, a versão intermediária Volcano cabine dupla custa R$ 117,99 mil, vindo equipada com câmbio manual e motor 1.3, o 1.3 Firefly flex de 4 cilindros, que gera 98 cv com gasolina a 6.000 rpm e 107 cv com álcool a 6.250 rpm, bem como torque de 13,16 kgfm com gasolina a 4.250 rpm e 13,67 kgfm com álcool a 4.000 rpm.

O espaço para quem vai atrás na Saveiro é apenas razoável: pessoas com mais de 1,75 m viajam com os joelhos encostados nos bancos dianteiros. Esse é apenas um dos sinais do avanço da idade, pois ainda há outros: a falta de porta-copos nas portas, a ausência de pontos Isofix para a fixação de cadeirinhas infantis, o excesso de plásticos na cabine e o grafismo nada modernos dos mostradores analógicos. Esta versão conta com bancos em couro com detalhes em cinza, trazendo o nome Extreme no encosto.

Equipamentos e opcionais

Mostradores analógicos contrastam com a moderna multimídia | Foto: Adair Santos/Carros e Carangas

A pitada tecnológica fica por conta do multimídia Composition Touch com conexão Apple Carplay e Android Auto. Também traz, de série, quatro alto-falantes, câmera de ré, direção hidráulica, coluna de direção com ajuste de altura e profundidade, volante multifuncional em couro, faróis de neblina, indicador de controle da pressão dos pneus e piloto automático tradicional.

Por R$ 2,180 mil, o pacote opcional Tech acrescenta botão off-road na parte superior do painel que ativa as funções fora-de-estrada, como o HDC (Hill Descent Control). Esse sistema utiliza o ABS para controle em rampa na terra, sem a necessidade de acelerar ou frear. O pacote ainda traz retrovisor fotocrômico, piloto automático, sensores de chuva e crepuscular.

As janelas traseiras são basculantes, podendo ser parcialmente abertas para melhorar a circulação de ar. Já as barras de proteção do vidro traseiro estão estrategicamente posicionadas de forma a não atrapalhar a visão pelo retrovisor interno. A redução dos níveis de ruído ao rodar é outro ponto a avançar.  

Motor 1.6 rende 106 cv com gasolina e 116 cv com álcool

Desempenho do veterano EA211 1.6 de 4 cilindros agrada | Foto: Adair Santos/Carros e Carangas

O motor EA211 1.6 de 4 cilindros desenvolve 106 cv de potência com gasolina e 116 cv com álcool, ambos a 5.750 rpm. Já o torque máximo de 15,4 kgfm com gasolina e 16,1 kgfm com etanol está disponível a 4.000 rpm. Obviamente, esse 1.6 aspirado não tem o mesmo fôlego dos propulsores turbo da Volkswagen, mas seu desempenho agrada. Se por um lado não garante um desempenho esportivo, por outro também não deixa a desejar.

Conforme a montadora, a aceleração de 0 a 100 km/h ocorre em 10,8 s com gasolina e em 10,2 s com álcool. Já as velocidades máximas são de 174 km/h com gasolina e 178 km/h com etanol. Números esses com a picape vazia, pois com a caçamba cheia, a história é diferente. O câmbio manual de 5 marchas tem engates precisos e é macio como uma manteiga. Em tempos de alta procura por transmissão automática, é sempre gostoso matar as saudades do câmbio manual, que permite maior domínio da máquina. Aliás, o fato de não ter a opção de câmbio automático, como a rival Strada, é outro sinal de envelhecimento.   

Ao volante, a picape entrega ótima estabilidade nas curvas. Conforme o Inmetro, com gasolina o consumo é de 11,5 km/l na cidade e 12,9 km/l na estrada. Com álcool, é de 7,9 km/l e 9,1 km/l.  

Leves mudanças de design

Na linha 2024, a picape recebeu nova grade e capô mais alto. Atrás, as lanternas escurecidas são interligadas por uma faixa em preto fosco, criando um efeito semelhante ao do T-Cross, mas sem a mesma sofisticação. Os demais diferenciais da Extreme são o emblema na coluna B e adesivos no capô e laterais.  

Picape recebeu nova grade e capô mais alto. Essa versão bem que merecia rodas aro 17” no lugar das de 15” | Foto: Adair Santos/Carros e Carangas

Também são novas as rodas aro 15’’, calçadas com pneus 205/60. Porém, essa versão Extreme, que dificilmente será usada para o trabalho duro, merecia rodas maiores, aro 17’’. Versão também vem com rack de teto, santo-antônio e capota marítima, que confere boa vedação, como ficou comprovado durante o teste. Na caçamba, cabem 580 litros de bagagens. Tampa traseira tem acionamento suave. Picape tem 4,49 m de comprimento, 2,75 m de entre-eixos, 1,72 m de largura e 1,56 m de altura, pesando 1.135 kg.

Nas ruas, a Saveiro chama muito atenção. De trabalhadores a surfistas, passando pelos amantes de som automotivo, ainda é o sonho de consumo de muita gente.

Na caçamba, cabem 580 litros de bagagens. Tampa traseira tem acionamento suave | Foto: Adair Santos/Carros e Carangas

Resumo da Resenha

Diante de tudo o que foi dito, a Saveiro ainda é uma boa opção de compra? Baseada no Gol, a quinta geração foi lançada em 2009. Lá se vão 15 anos. A defasagem do seu projeto é evidente quando comparada à Fiat Strada, muito mais moderna. Dois fatores, porém, contribuem para equilibrar um pouco a balança: sua boa fama de resistência mecânica e a ótima liquidez na hora da revenda.