Song Plus DM-i e Dolphin EV estão entre os carros que poderão ser fabricados pela BYD na Bahia

Montadora ainda não definiu quais modelos serão feitos na Bahia, mas o híbrido Song Plus DM-i, hoje vendido por R$ 269,9 mil, é uma das grandes apostas | Foto: Divulgação

Após comprar por R$ 3 bilhões a fábrica que era da Ford na Bahia, a BYD ainda ainda avalia quais modelos serão produzidos em território nacional, mas as apostas vão para dois carros de grande volume: o híbrido plug-in Song Plus DM-i, hoje vendido por R$ 269,9 mil, e o Dolphin EV, que acaba de ser lançado no Brasil por R$ 149,8 mil. A oficialização do negócio bilionário foi feita nesta terça-feira (4). Três fábricas serão instaladas no complexo de Camaçari para produzir ônibus elétricos e carros elétricos e híbridos. A previsão é que as linhas de montagem entrem em funcionamento no segundo semestre de 2024, gerando mais de 5 mil empregos.

Desde 11 de janeiro de 2021, data em que a Ford anunciou o fechamento da fábrica na Bahia, após duas décadas de funcionamento – fábrica essa que, aliás, estava inicialmente prevista para ser instalada em Guaíba, no Rio Grande do Sul –, outros grupos empresariais levantaram a possibilidade de comprá-la e reativá-la. Mas com a BYD as tratativas prosperaram e renderam frutos. A empresa adianta que a produção nacional vai permitir preços mais competitivos e a possibilidade de um maior número de consumidores adquirem um elétrico.

O hatch Dolphin, que acaba de ser lançado por R$ 149,8 mil, é outro modelo que tem grandes chances ser ser nacionalizado | Foto: Divulgação

Uma das fábricas vai produzir chassi para ônibus e caminhões elétricos. A outra vai montar automóveis híbridos e elétricos, com capacidade estimada em 150 mil unidades ao ano na primeira fase, podendo chegar a 300 mil unidades. A terceira, voltada ao processamento de lítio e ferro fosfato, atenderá ao mercado externo, utilizando-se da estrutura portuária existente no local.

Presidente da BYD Brasil, Tyler Li, e a CEO da BYD Américas, Stella Li, posam junto com baianas na cerimônia de oficialização do negócio bilionário | Foto: Divulgação

 “As novas fábricas no Brasil vão permitir a introdução e aceleração da eletromobilidade no País, um movimento-chave para combater as mudanças climáticas e, de fato, melhorar a qualidade de vida das pessoas”, afirma a CEO da BYD Américas, Stella Li. “A contribuição social será significativa. Queremos contratar mão de obra local, a partir deste ano, para que já comecem a receber todo o treinamento e transferência de conhecimento necessários”, acrescenta o presidente da BYD Brasil, Tyler Li.

A multinacional garante que o novo complexo será um polo de atração de fornecedores de diversos tipos, seja na área de peças técnicas ou de serviços. A companhia pretende contribuir para o desenvolvimento regional, dando prioridade a fornecedores locais. Para a realização de obras civis, também vai priorizar a contratação de empresas estabelecidas na região.

“Elefante branco”: dantesco complexo localizado em Camaçari está desativado desde 2021, ano em que a Ford anunciou que não fabricaria mais veículos no Brasil | Foto: Divulgação

Compromisso sustentável e social

Ao implantar o seu primeiro complexo industrial no País, a BYD Brasil se preocupa em manter premissas globais: criar produtos que não emitam poluentes, projetados e executados com tecnologia de ponta e alto investimento em pesquisa e desenvolvimento.

Gigante chinesa chegou ao Brasil em 2015

A BYD começa a ser cada vez mais conhecida pelos seus carros elétricos no Brasil, mas sua história no País começou há mais tempo, há oito anos. A empresa chegou ao Brasil em 2015, quando inaugurou sua primeira fábrica de montagem de ônibus 100% elétricos em Campinas, São Paulo. Em 2017, abriu uma segunda fábrica, também em Campinas, para a produção de módulos fotovoltaicos.

Para abastecer a frota de ônibus elétricos, a empresa iniciou, em 2020, a operação de sua terceira fábrica no Brasil, no Polo Industrial de Manaus (PIM), dedicada à produção de baterias de fosfato de ferro-lítio (LiFePO4). Também é responsável por dois projetos de SkyRail (monotrilho) no País: em Salvador, com o VLT do Subúrbio, e na cidade de São Paulo, com a Linha 17 – Ouro.

Além disso, a BYD comercializa no Brasil sistemas de armazenamento de energia, inversores, empilhadeiras, caminhões, furgões e automóveis, todos elétricos e com baixa emissão de poluentes. Mais recentemente, devido à pandemia da Covid-19, ampliou seu leque de atuação vendendo máscaras descartáveis no País. Em abril de 2021, a BYD Brasil passou a integrar o Pacto Global, da Nações Unidas (ONU).

Em novembro de 2021, deu início à comercialização de automóveis de passeio no País e hoje já conta com cinco modelos lançados e uma rede consolidada de concessionárias em operação. Em abril de 2022, a BYD Energy inaugurou novas instalações e uma completa linha de módulos fotovoltaicos no mercado brasileiro. Em 2023, foi eleita pela revista americana Times como uma das 100 empresas mais influentes do mundo.

Resumo da Resenha

Já que a Ford optou por não fabricar mais veículos no Brasil, a BYD resolveu aproveitar toda esta infraestrutura existente em Camaçari, abrindo um infinito leque de possibilidades. Aqui vale uma adaptação do velho ditado, de que sempre há um pé novo para um chinelo abandonado. O mercado e os consumidores recebem a notícia com entusiasmo, pois a nacionalização deverá finalmente baratear os carros elétricos, já que a BYD produz também componentes para baterias em solo nacional, gerando um efeito em cascata e obrigando outras montadoras a reduzirem seus preços.