Renovada aos 25: veterana Fiat Strada ganha leve cirurgia plástica e nova versão Ultra com motor turbo
Veterana sim, ultrapassada, jamais. Picape líder do seu segmento, a Fiat Strada ganhou importantes atualizações em 2023, ano em que completou 25 anos de mercado: um facelift e a opção de motor turbo. E será que esse novo powertrain 1.0 de 3 cilindros está à altura do modelo? Confira desempenho, consumo e equipamentos da versão topo de linha Ultra, vendida a R$ 133,9 mil.
As novidades chegaram em agosto passado de 2023. Além de turbo, o propulsor 200 flex é equipado com injeção direta de combustível. Esse motor é o mesmo usado em outros modelos da Stellantis, como Fiat Pulse e Fastback, Peugeot 208 e o novo Citroën C3 Aircross, por exemplo. Pena que está disponível apenas para as versões topo de linha Ultra e Ranch, bem como a edição limitada Edizione 25. Todas as demais são equipadas com o 1.3 Firefly flex de 4 cilindros naturalmente aspirado. O único opcional da unidade enviada pela montadora para teste, a Ultra, é a pintura vermelho Montecarlo, que custa R$ 990,00 e eleva o preço da picape para R$ 134,9 mil.
A potência gerada é de 125 cv com gasolina e 130 cv com álcool a 5.750 rpm e, o torque, de 20,4 kgfm (200 Nm) a 1.750 rpm com qualquer um dos combustíveis. Segundo dados de fábrica, a aceleração de 0 a 100 km/h ocorre em 9,8 s com gasolina e em 9,5 s com álcool, enquanto as máximas são de 178 km/h com gasolina e 180 km/h com etanol.
Este desempenho é muito superior ao da versão de entrada Endurance Cabine Plus manual (R$ 100,99 mil), equipada com o 1.3 Firefly flex de 4 cilindros, que gera 98 cv com gasolina a 6.000 rpm e 107 cv com álcool a 6.250 rpm, bem como torque de 13,16 kgfm com gasolina a 4.250 rpm e 13,67 kgfm com álcool a 4.000 rpm. Mesmo pesando 168 kg a menos que a Ultra (1.251 kg), a Endurance é bem menos rápida: 0 a 100 km/h em 12,5 s com gasolina e 11,6 s com álcool, atingindo máximas de 166 km/h com gasolina e 171 km/h com etanol.
O consumo, no entanto, é um pouco maior em relação à versão com motor naturalmente aspirado: com gasolina, a Ultra faz 12,1 km/l na cidade e 13,2 km/l na estrada. Com álcool, os números são de 8,3 km/l e 9,4 km/l, respectivamente. Já a Endurance 1.3 faz, com gasolina, 13,1 km/l na cidade e 14,2 km/l na estrada. Com álcool, os números são de 9,3 km/l na cidade e 10 km/l na rodovia. Porém, durante o teste, abastecida com gasolina, a Ultra fez facilmente 15 km/l na estrada, conforme o indicado pelo computador de bordo.
Ao volante, fica muito nítido o aumento de desempenho proporcionado pelo turbo e injeção direta. Como o torque máximo de 20,4 kgfm já está disponível a 1.750 rpm, não é necessário encher o motor para acelerar e retomar rapidamente: o 1.0 de três cilindros está sempre a postos. O competente câmbio CVT simula 7 marchas, que podem ser trocadas manualmente por meio das borboletas atrás do volante – muito úteis especialmente para fazer o freio motor em descidas de Serra. No lado direito do volante, há o botão Sport, que eleva a rotação durante as trocas de marchas.
O motor turbo agrada quando a picape é usada como carro de passeio e também como utilitário, objetivo primordial para o qual foi concebida. Na caçamba, cabem 844 litros de volume e 650 kg de peso, bem menos que os 1.354 litros e 720 kg da Endurance – essa sim, totalmente voltada ao trabalho. Mesmo assim, foi o suficiente para levar com sobra todas as bagagens da família no feriadão de final de ano. Esta foi uma das poucas vezes em que nenhuma tralha ficou de fora. Até sobrou lugar para acomodar mais brinquedos das crianças. A capota marítima garante boa vedação e ainda confere um visual caprichado à picape.
O espaço para quem viaja no banco de trás é apenas adequado: adultos com mais de 1,75 m viajam com os joelhos encostados nos bancos dianteiros. A suspensão entrega dirigibilidade de carro de passeio e boas doses de conforto. A esposa e as crianças, que andaram atrás, aprovaram.
Não programei aventuras em meio à natureza por falta de tempo, mas como quase sempre acontece, os percalços surgem naturalmente no meu caminho. No péssimo calçamento da beira-mar de Nova Tramandaí, no Litoral Norte gaúcho, um trecho da rua estava tomado pela areia das dunas. Já havia um carro atolado na lateral, mas decidi arriscar assim mesmo, pois um trator prestava apoio aos encalhados. Acelerei forte para passar, mas na metade do percurso de 20 metros a frente afundou e as rodas começaram a girar em falso. Eis que o controle eletrônico do eixo de tração (TC+) fez a mágica acontecer e, aos poucos, a picape, com seus 18,5 cm de altura livre em relação ao solo, venceu o desafio, para decepção do motorista do trator – que já estava a postos para entrar em ação.
Rodas aro 16’’
A Ultra é equipada com rodas em liga-leve aro 16’’ calçadas com pneus 205/55. Na hora de calibrar os pneus, faltou aquela velha e boa etiqueta contendo a pressão correta que tradicionalmente vem na maioria dos carros em uma das portas ou na tampa do tanque de combustível. No manual do proprietário constam essas informações: com meia carga, são 32 libras em todos os pneus e, com carga plena, a pressão dos pneus traseiros aumenta para 44 libras. Porém, nunca é demais reforçar esses números em pontos estratégicos para facilitar a vida do proprietário.
Leves mudanças visuais no “mini-Toro”
A Ultra, assim como a Ranch, são novos o para-choque dianteiro, incluindo a sua base inferior (skidplate), a grade e os faróis de neblina em LED. Por dentro, conta com novo volante – que, vale ressaltar, tem ótima pegada – e acabamentos com detalhes em couro nos painéis de porta.
Apesar do porte menor, houve quem confundiu a Strada com o irmão maior Fiat Toro, tais as semelhanças de design. A Ultra tem 4,45 m de comprimento (a Endurance tem 4,48 m), 2,74 m de entre-eixos, 1,73 m de largura e 1,58 m de altura (1,60 com a barra de teto).
Principais equipamentos de série
A Ultra (assim como a Ranch) é equipada com bancos em couro, ar-condicionado digital automático e sistema multimídia Uconnect 7 com conectividade Wireless Android Auto e Appel CarPlay. O braço de apoio para o motorista aumenta o conforto, proporcionando boa ergonomia para braço e ombros. Em um veículo desta faixa de preço, porém, faltou um piloto automático tradicional para aliviar o pé direito em longas viagens.
Resumo da Resenha
O formato da barra de proteção da vigia traseira atrapalha a visão pelo retrovisor. Um “facelift” no design deste componente resolveria o problema e ainda assim cumpriria a função de proteger o vidro. Esta nova onda de atualizações aumenta ainda mais a distância da Strada em relação à principal concorrente, a Volkswagen Saveiro, que também recebeu modernizações recentemente, mas já não consegue mais disfarçar o peso da idade.