Polo Track: apesar de “peladão”, sucessor do veterano Gol é maior e mais seguro
Sai o lendário e veterano Gol, entra o seu sucessor, o Polo Track, que atualmente é o carro mais barato da Volkswagen no Brasil. E esse carro mais barato da Volkswagen no Brasil custa R$ 82,29 mil. Será que vale o preço ou é melhor investir nas versões mais equipadas e potentes? Acompanhe as Impressões ao Dirigir.
Depois de 42 anos de produção contínua e mais de 8,5 milhões de unidades fabricadas, O Gol recebeu sua merecida aposentadoria no final de 2022. Nesse período, introduziu inúmeras tecnologias e tornou-se um divisor de águas no segmento de esportivos com as versões GTi e GTS.
Não deve ter sido nada fácil a decisão da Volkswagen em descontinuar o nome Gol, detentor de muita credibilidade entre os brasileiros, pois sempre foi sinônimo de baixa desvalorização e fácil revenda. A despedida foi marcada com a versão Last Edition, comercializada em novembro passado a estratosféricos R$ 95,9 mil.
Mas antes da derradeira versão, no final de sua vida o Gol já custava R$ 77,2 mil. Por esse e outros motivos, há muito tempo não se usa mais a expressão “carro popular”, e sim carro de entrada. Vale ressaltar que a disparada dos preços é um fenômeno que atingiu todas as marcas, não apenas a Volkswagen, principalmente após o início da pandemia.
O design do Polo Track traz leves diferenças em relação às demais configurações, como a grade exclusiva e as lanternas escurecidas. Desde essa versão, o Polo vem com faróis em LED, proporcionando uma iluminação mais eficiente.
O projeto mais moderno do Polo em relação ao seu antecessor fica evidente não apenas na plataforma MQB, mas no seu porte, que garante uma dirigibilidade mais refinada, aprimorada pela direção elétrica (no Gol, é hidráulica). O Polo é maior que o Gol em todas as dimensões. São 4,06 m de comprimento (16 cm a mais que o Gol), 2,56 m de entre-eixos (10 cm extras), 1,75 m de largura (9 cm a mais) e 1,46 m de altura (apenas 1 milímetro a mais). O porta-malas do Polo também é maior, comportando 300 litros, 15 litros extras em relação aos 285 litros do Gol.
Porém, pelo menos 8 economias feitas no Polo Track lembram, em vários momentos, que estamos em um carro de entrada:
- 1 – A calota, que cobre as rodas aro 15”, calçadas com pneus 185/65
- 2 – As manivelas para acionar os vidros traseiros
- 3 – Os comandos manuais para regular os espelhos retrovisores
- 4 – O rádio espartano no lugar do sistema multimídia
- 5 – A padronagem do tecido dos bancos, de aspecto simples
- 6 – O excesso de plásticos no interior
- 7 – O câmbio manual
- 8 – O motor 1.0 aspirado
Motor 1.0 MPI aspirado é o mesmo do antecessor
Esse motor 1.0 MPI aspirado de 3 cilindros é exatamente o mesmo do Gol. Entre esse propulsor e o 1.0 TSI turbo da Volkswagen há um abismo de diferença. Mas o MPI está na média para um 1.0. Não empolga, mas também não decepciona. Para ultrapassagens e subidas de Serra, tem que “encher” o motor.
Como o torque máximo de 10,3 kgfm com álcool chega em 3.000 rpm, é preciso atingir essa faixa para ter a força máxima disponível. Com gasolina, os 9,6 kgfm chegam um pouco depois, em 4.000 rpm. Já os 84 cv de potência máxima com álcool ou os 77 cv com gasolina só estão disponíveis em regime mais elevado, em 6.450 rpm. O bom escalonamento da primeira, segunda e terceira marchas garante um desempenho satisfatório na faixa de trabalho que vai até os 80 km/h, mesmo em subidas fortes.
A aceleração de 0 a 100 km/h ocorre em 13,4 s com álcool e 13,8 s com gasolina, enquanto as máximas são de 169 km/h com etanol e 166 km/h com gasolina, conforme a Volkswagen.
No Gol Last Edition, com álcool a prova de 0 a 100 km/h ocorre em 13,4 s e, com gasolina, em 13,7 s. Já as máximas são de 164 km/h e 162 km/h, respectivamente. Um diferencial é que, no Polo Track, este propulsor tem que carregar 60 kg extras, já que a versão pesa 1.058 kg, contra 998 kg do Gol.
A título de comparação, o 1.0 de três cilindros turbo das versões topo de linha gera potência de 109 cv com álcool e 116 cv com gasolina a 5.000 rpm, bem como torque de 16,8 kgfm a 1.750 rpm com qualquer um dos combustíveis. O desempenho é melhor: 0 a 100 km/h em 10,1 s com álcool e 10,2 s com etanol, bem como velocidades máximas de 197 km/h e 193 km/h, segundo medições da montadora. O turbo faz com que o motor esteja sempre disposto, desde as baixas rotações, garantindo retomadas vigorosas.
Com gasolina, 15,2 km/l na estrada
Com gasolina, o modelo faz 12,2 km/l na cidade e 15,2 km/l na estrada, conforme o Inmetro. Com álcool, são 8,5 km/l na cidade e 10,7 km/l na rodovia. Essa economia prometida foi comprovada na prática, durante o teste da unidade enviada pela montadora. Com um único tanque de gasolina foi possível rodar 627 km. Mas cabe ressaltar que a luz da reserva acendeu 60 km antes, aos 567 km. Ou seja: o modelo foi levado quase ao limite no quesito autonomia.
Em boa parte do tempo, não houve preocupação em acelerar pouco. Pelo contrário: com porta-malas cheio e três pessoas a bordo, o motor foi bastante exigido na subida da Serra Gaúcha, rumo a Nova Petrópolis.
De série, quatro air bags e assistente para partida em aclives
Versão vem de série com quatro air bags: dois frontais e dois laterais nos bancos dianteiros. No Gol, eram apenas duas bolsas infláveis. Também traz Assistente para partida em declives e subidas (Hill Hold Control), controle eletrônico de estabilidade (ESC), Bloqueio eletrônico do diferencial (XDS+), sistema Isofix, Top tether para fixação de assento de criança e alerta de afivelamento de cinto de segurança para todas as posições.
Resumo da Resenha
O Polo deveria trazer alguns equipamentos extras em relação ao preço cobrado pela montadora? Sem sombra de dúvidas, principalmente os retrovisores elétricos, que fazem falta na hora de estacionar em marcha à ré.
Mas como sucessor do Gol, que é a sua grande missão, ele atende às expectativas? Atende – e com sobra. Primeiro porque o Polo é um projeto muito mais moderno e seguro. Segundo porque, apesar da escassez de mimos, naquilo que realmente importa para este segmento, é muito eficiente: a economia de combustível.
Para ver se o desempenho do 1.0 MPI aspirado agrada ao comprador, o mais importante de tudo é fazer um test-drive, o que costuma ser decisivo na hora da escolha, pois cada um sabe o peso do seu pé direito… Gastar mais R$ 13,7 mil e levar para casa a versão TSI manual, que sai por R$ 95,99 mil, também pode ser uma boa ideia.