Montana “marombada”: terceira geração da picape Chevrolet cresce, fica mais segura e entrega conforto de carro de passeio
A terceira geração da Montana foi para a academia e voltou mais forte e “marombada”, mudando até de categoria. Além de maior, ficou mais tecnológica, porém sem perder a vocação para o trabalho. Confira o raio X do modelo e as Impressões ao Dirigir da versão topo de linha Premier, comercializada por R$ 142,59 mil.
Antes de falar da nova Montana, um rápido retrospecto da sua trajetória no Brasil. A picape chegou ao mercado em 2003, usando como base a segunda geração do Corsa. Já a segunda geração, com a frente do Agile, veio em 2010, mas muitos sentiram falta da plataforma anterior e também da força do motor 1.8 (112 cv com gasolina, 114 cv com álcool e 17,7 kgfm de torque), já que a segunda geração contou apenas com o 1.4 (97 cv com gasolina e 102 cv com álcool, bem como torque bem menor, de 13,2 kgfm e 13,5 kgfm, respectivamente).
Essa força mediana, que às vezes exigia reduções de marchas, é coisa do passado, pois o motor 1.2 turbo de 3 cilindros é o mesmo para todas as versões, gerando 132 cv com gasolina e 133 cv com álcool, ambos disponíveis em 5.500 rpm. Já o torque de 19,31 kgfm com gasolina e 21,41 kgfm com álcool chega mais cedo, em apenas 2.000 rpm, força máxima que se mantém até 4.500 rpm. Ou seja: não é preciso pisar muito para extrair bom desempenho, algo importante em um veículo que uma hora está vazio e, a qualquer momento, poderá ter que transportar 600 kg, que é a sua carga máxima.
O câmbio automático de 6 marchas cumpre com eficiência o seu papel, caracterizando-se pela suavidade.
Esse propulsor 1.2 turbo também está na versão de entrada com transmissão manual de 6 velocidades, que custa R$ 118,69 mil. Sábia a decisão da Chevrolet em não equipar a picape com powertrain menos potente, pois seria um grande retrocesso.
A versão automática, conforme a montadora, acelera de 0 a 100 km/h em 10,1 s com álcool. Os dados de consumo apontados pelo Inmetro são, com gasolina, de 11,1 km/l na cidade e 13,3 km/l na estrada. Com álcool, os números são de 7,7 km/l na cidade e 9,3 km/l na rodovia.
Durante o teste da versão topo de linha Premier enviada pela montadora, que estava abastecida com gasolina, o computador de bordo mostrou até 16 km/ na estrada e 11 km/l na cidade. Com o tanque de 44 litros, foi possível rodar 422 km antes de acender a luz da reserva.
A barra de proteção do vidro traseiro atrapalha a visão pelo retrovisor interno. A engenharia deveria estudar outro formato que melhore a visibilidade e ainda assim cumpra a função de proteger o vidro do eventual impacto das cargas. Em compensação, os espelhos retrovisores de grandes dimensões proporcionam ótima visibilidade durante as manobras, reforçada pela câmera de ré, que exibe as imagens no multimídia e ajuda a evitar acidentes com crianças e pets. Na lateral interna das portas traseiras, seriam muito bem-vindos porta-objetos existentes em outros modelos da GM.
Dimensões maiores
A terceira geração começou a ser vendida em fevereiro de 2023 e agora disputa as vendas na categoria das picapes médio-compactas, que ficam posicionadas entre as compactas, como a Montana era classificada até então, e as médias, como é o caso da S10. Suas concorrentes diretas são o Fiat Toro e o Renault Oroch.
Em função das novas dimensões, apesar de ter menor comprimento que o Toro, já nem é mais colocada como concorrente da até então eterna rival Fiat Strada. São 4,72 m de comprimento (21 cm a mais que a geração anterior), 2,80 m de entre-eixos (13 cm extras), 1,80 m de largura (10 cm a mais) e 1,66 m de altura (8 cm a mais que a Montana anterior). O tamanho maior fez o peso subir 222 kg, totalizando 1.310 kg.
Linhas marcantes
Confesso que olhando apenas pelas fotos a nova Montana até lembra o Toro, mas ao vivo não se parece quase nada com o concorrente da Fiat, porque suas dimensões são diferentes, assim como os ângulos da carroceria.
Atrás, ela tem uma personalidade forte e dificilmente alguém vai confundi-la com outra concorrente. É uma importante atualização em relação à segunda geração, dona de um visual que não era exatamente uma unanimidade. Um teto solar de fábrica – pelo menos nesta configuração – iria conferir um visual mais sofisticado ao modelo.
Suspensão cumpre função com maestria
A suspensão tem uma calibragem voltada para o conforto, lembrando muito o SUV Tracker. Rodando por estradas onduladas, como a BR-448, na região metropolitana de Porto Alegre, é comum o motorista esquecer que está a bordo de uma picape. Nas curvas, também passa segurança. A suspensão traseira semi-independente com eixo de torção cumpre bem a sua função. Nos rivais Toro e Oroch, a suspensão traseira é multilink, muito mais moderna.
Sistema Multi-Board é um opcional
O sistema Multi-Board é extremamente útil, permitindo transportar diversos tipos de cargas, como as compras do supermercado, sem que fiquem rolando pela caçamba e acabem sofrendo avarias. O único detalhe é que consiste em um opcional que custa R$ 2,99 mil. Mas a capota marítima pelo menos vem de fábrica e proporciona um ótimo acabamento, que não apenas reduz o barulho do vento, como veda a caçamba, protegendo a bagagem contra a chuva. Quanto à tampa da caçamba, baixá-la e levantá-la é uma moleza, pois possui amortecedores que facilitam o trabalho. A capacidade de carga é de 874 litros e 600 kg.
Em relação aos sistemas de assistência à condução, a picape conta apenas com o Alerta de frenagem e emergência, que emite um aviso sonoro cada vez que a Montana se aproxima demais do carro da frente. De fábrica, desde a versão inicial, traz 6 air bags e controles de tração e estabilidade.
Confira os principais equipamentos da configuração Premier:
- Alerta de frenagem de emergência
- Aviso sonoro dos cintos de segurança dianteiro e traseiro
- Controle eletrônico de estabilidade e tração
- Luz de condução diurna e posição, faróis Full LED
- Alerta de ponto cego
- Sistema de monitoramento da pressão dos pneus
- Indicador da vida útil do óleo
- Rack de teto na cor prata
- Tampa traseira com abertura por botão elétrico e alívio de peso
- Protetor de caçamba
- Ganchos para amarração de carga no interior da caçamba
- Capota marítima
- Iluminação dupla na caçamba
- Desembaçador do vidro traseiro
- Acendimento automático dos faróis
- Assistente de partida em aclive
- Controlador de limite de velocidade
- Direção elétrica progressiva
- Coluna de direção com ajuste de altura e profundidade
- Volante esportivo e bancos com revestimento premium
- Ar-condicionado digital
- Partida por botão
- Câmera de ré
- Sensor de estacionamento
- MyLink com tela de 8″ e projeção sem a necessidade do uso de cabo para Android Auto e Apple Car Play
- Carregador de smartphone por indução
- Wi-Fi, OnStar, myChevrolet App e atualização remota de sistemas eletrônicos.
Os concorrentes: Oroch e Toro
A Montana tem preço inicial de R$ 118,69 mil, subindo para R$ 123,79 mil na versão LT, ambas equipadas com câmbio manual. O câmbio automático de 6 marchas está disponível na LTZ (R$ 136,49 mil) e na topo de linha Premier (R$ 142,59 mil), como a testada.
O Oroch tem preços que começam em R$ 115,9 mil na versão Pro, indo para R$ 122,2 mil na Intense, ambas equipadas com motor 1.6 16V aspirado (de até 120 cv). A topo de linha linha Outsider 1.3 TCe 16V tem nível de equipamentos semelhante à Montana Premier, mas custa R$ 146,9 mil. Seu motor 1.3 turbo de 4 cilindros desenvolve 162 cv com gasolina e 170 cv com álcool, bem como torque de 27,5 kgfm de torque com qualquer um dos combustíveis, acoplado ao câmbio CVT que simula 8 velocidades.
Já o Toro tem seu preço de partida acima da versão topo de linha da Montana: a Endurance Turbo 270 Flex custa R$ 146,99 mil. Seu motor 1.3 de 4 cilindros gera 180 cv com gasolina e 185 cv com álcool, bem como 27,5 kgfm de torque com qualquer um dos combustíveis, acoplado ao câmbio automático de 6 marchas. Ainda em se tratando de motor flex, o Toro conta com as versões Freedom (R$ 160,99 mil) e a topo de linha Volcano (R$ 175,1 mil).
Resumo da Resenha
A Montana tem porte idêntico ao do Oroch, com iguais 4,72 m de comprimento, mas é 22 cm mais curta que o Toro. Apesar de menos potente que Oroch Outsider e Toro (em qualquer uma de suas versões), tem um projeto mais moderno, o que é um forte apelo na hora da compra.
Pelos R$ 142,59 mil cobrados pela topo de linha Premier, porém, já poderia vir com piloto automático adaptativo (ACC). E, por último: o desempenho do motor é bom, não justificando o apelido pejorativo “Mancona” que ganhou nas redes sociais. Dirija uma e tire suas próprias conclusões.