Renault Megane E-tech: tecnologia e bom desempenho neste 100% elétrico, vendido por RS 199,9 mil

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Esqueça tudo o que você sabe sobre o Mégane vendido no Brasil de 1998 a 2011 nas versões hatch, sedã e station wagon. O Megane E-tech é um 100% elétrico que não tem um único parafuso em comum com seus antecessores. Tão evoluído que até o nome perdeu o acento agudo no primeiro “e”: agora é Megane, acrescido do sobrenome E-tech. Luxuoso, moderno e repleto de tecnologias de assistência à condução, tem motor de 220 cv e promete percorrer 337 km com uma única carga das baterias. Mas no uso diário, será que realmente atinge essa autonomia? Confira as respostas nas Impressões ao Dirigir.

Dos faróis full LED às lanternas traseiras com efeito em 3D, o design flui harmonicamente | Foto: Adair Santos/Carros e Carangas

Importado da França, o modelo desembarcou ao Brasil em setembro de 2023 e, no site da montadora, está tabelado em R$ 279,9 mil. Porém, há vários meses vem sendo comercializado com preço promocional de R$ 199,9 mil. Já à primeira vista fica muito claro que foi concebido desde o início para ser um elétrico, ao contrário do Kwid, que nasceu como modelo a combustão e foi adaptado para originar a versão E-tech. O Megane usa a plataforma CMF-EV, voltada a veículos elétricos. Sem ter que ficar presos a entradas de ar ou à altura exigida por componentes tradicionais dos carros a combustão, como motor e radiador, os designers ficam livres para ousar mais.

Maçanetas ficam embutidas quando não estão sendo usadas | Foto: Adair Santos/Carros e Carangas

No Megane E-tech, diga-se de passagem, fizeram um excelente trabalho: o visual é futurista, marcado por linhas arredondadas, que parecem “perfurar” o vento, dando a sensação de velocidade mesmo quando está parado. Dos faróis full LED às lanternas traseiras com efeito em 3D, o design flui harmonicamente. Nas laterais, as maçanetas que ficam embutidas quando não estão sendo usadas reforçam o apelo tecnológico. Somente quando é pressionado o botão para abrir o veículo na chave em formato de cartão é que são eletricamente projetadas para fora. As rodas aro 18” diamantadas são calçadas com pneus 195/60.

Internamente, o ótimo espaço para os ocupantes é igualmente fruto dessa plataforma específica para elétricos desenvolvida pela Renault. O modelo tem 4,20 m de comprimento, 2,68 m de entre-eixos, 1,77 m de largura (2,05 m se forem contabilizados os retrovisores) e apenas 1,52 m de altura. Mas no uso diário, parece muito mais alto que isso, pois as baterias têm só 11 cm de espessura e permitem esse grande ganho de amplitude a bordo. O porta-malas leva razoáveis 440 litros.

Bons materiais a bordo

Visual interno é moderno, acompanhando a proposta do design da carroceria | Foto: Adair Santos/Carros e Carangas

No cockpit, chamam a atenção as telas digitais e um design que foge do convencional, honrando a escola francesa. Destaque para o painel de instrumentos digital de 9” e a tela multimídia de 9” no formato horizontal. Além de parâmetros como velocidade, exibe status de carga da bateria.

A iluminação interna é uma atração à parte, utilizando cores frias durante o dia e tons quentes à noite, podendo ser personalizada por meio do botão Multi-sense localizado no volante. São 48 opções de cores. O sistema também permite selecionar três modos (Eco, Confort e Sport), atuando na assistência elétrica da direção, calibragem do motor e na resposta do dinâmica do veículo. Além disso, um quarto modo (Perso) permite, como o próprio nome sugere, personalizar totalmente as regulagens.

Assoalho plano e bom espaço para os passageiros do banco traseiro | Foto: Adair Santos/Carros e Carangas

Os materiais utilizados a bordo são igualmente diferenciados: o painel é revestido em tecido, também presente nos bancos. Nas portas, há apliques em couro Alcântara. Ligeiramente abaixo do multimídia há um porta-objetos suspenso – claramente projetado para um smartphone – que destoa um pouco desse design harmônico que citei até agora. Abaixo dele, em direção ao console central, há apenas um vão vazio. A Renault diz que trata-se de um “porta-objetos aberto” com capacidade para 7 litros, podendo levar uma bolsa, por exemplo. Sob o apoia-braços central, há um compartimento com capacidade para 3 litros.    

Motor garante ótimas acelerações

Instalado no eixo dianteiro, propulsor elétrico gera 220 cv de potência e 30,6 kgfm de torque | Foto: Adair Santos/Carros e Carangas

Foram duas oportunidades de andar no Megane E-tech em 2024: em São Paulo, durante 5 dias, e no Rio Grande do Sul, durante uma semana. Antes de pegar esse 100% elétrico, eu havia passado uma semana testando a gigante Ford F-150, com seu motor V8 5.0 Coyote de Mustang movido apenas a gasolina e que faz 5 km/l na cidade e 8,6 km/l na estrada. O E-tech representa o extremo oposto da F-150, principalmente no que diz respeito a emissões. Essa contextualização é importante porque, depois de andar num monstro como a F-150, a tendência é achar que qualquer carro que não tenha números semelhantes é manco. Mas não foi o que aconteceu com o Megane.

Instalado no eixo dianteiro, o motor elétrico é novo, pesando 145 kg, total que inclui a transmissão. Os 220 cv de potência e 30,6 kgfm de torque garantem respostas rápidas, equivalentes às de um carro com motor 2.0 turbo a gasolina. A entrega de força é instantânea, proporcionando emoção nas acelerações. Conforme a montadora, são necessários apenas 7,4 s para ir da imobilidade aos 100 km/h. Mas é na velocidade máxima que este elétrico fica devendo ao modelos equivalentes a combustão: 160 km/h, limitados eletronicamente para evitar gasto excessivo da carga da bateria. De qualquer maneira, são bons números para um veículo com 1.680 kg, dos quais 394 kg referem-se apenas ao peso das baterias. Por este motivo, a transição da Ford F-150 V8 para este 100% foi tranquila, sem a sensação de que o carro anda pouco.    

Alavanca do câmbio fica acima do comando do limpador do para-brisa, exigindo atenção | Foto: Adair Santos/Carros e Carangas

As posições D, N, R do câmbio são acionadas por meio de uma alavanca no volante, liberando espaço no console central. Como fica acima do comando do limpador do para-brisa, por duas vezes acionei essa função no lugar da transmissão. Mas como quase tudo na vida, logo a gente se acostuma.

A bordo do Megane E-tech, silêncio quase absoluto, não apenas por conta do motor elétrico, mas pelo invejável trabalho de isolamento realizado pela Renault. Porém, como justamente esse silêncio de funcionamento pode causar riscos em áreas movimentadas, o carro tem um sistema de alerta sonoro externo para avisar os pedestres sobre sua presença. O VSP (Vehicle Sound for Pedestrians ou sons de alerta para pedestres) é ativado quando o veículo está a uma velocidade entre 0 e 30 km/h, utilizado normalmente nos centros urbanos. A suspensão tem calibragem voltada ao conforto, sem decepcionar nas curvas, graças também ao baixo centro de gravidade e ao sistema multilink utilizado na traseira.

Tecnologias de assistência à condução

Completo leque de itens de assistência à condução, incluindo piloto automático adaptativo (ACC) com stop&go | Foto: Adair Santos/Carros e Carangas

O modelo conta com um completo leque de itens de assistência à condução: piloto automático adaptativo (ACC) com stop&go, frenagem automática de emergência em marcha à ré (Rear AEB), alerta de saída de faixa (LDW), o alerta de pontos cegos (BSW) e o assistente de manutenção de faixa (LKA), que agora traz o novo recurso ELKA (assistente de manutenção de faixa de emergência). O ELKA funciona de 65 a 160 km/h (velocidade máxima do veículo limitada eletronicamente) para as ultrapassagens com risco de colisão lateral e risco de saída da faixa, e de 65 a 110 km/h para as ultrapassagens com risco de colisão frontal.

O vidro traseiro de pequenas dimensões proporciona uma visibilidade restrita através do retrovisor interno, exigindo atenção. Porém, esse equipamento convencional é complementado pelo Smart Rear View Mirror, um retrovisor que atua por meio de câmeras e aumenta a segurança na hora de estacionar. Por fim, dispositivo Occupant Safe Exit (OSE) aumenta a segurança de ciclistas e motociclistas, emitindo um alerta quando um ocupante abre a porta para sair enquanto um desses veículos estiver se aproximando, evitando acidentes nas grandes cidades.

E a autonomia?

O exemplar enviado pela montadora foi entregue com bateria 100% cheia. Para percorrer 80 km em rodovia, gastou 20%, adotando-se um estilo de condução civilizado, com poucas aceleradas fortes e velocidade máxima de 100 km/h. Mas na cidade o consumo é menor, como ocorre com todos os elétricos, pois ainda há o benefício da regeneração proporcionada a cada frenagem. O nível de recuperação de energia pode ser selecionado por meio das borboletas atrás do volante, variando de 0 a 3 (máximo).

Falar de autonomia sempre envolve diversos números e parâmetros. Com a bateria 100% carregada, o painel mostra autonomia de 386 km. Entretanto, conforme a montadora, o alcance aumenta para até 495 km no uso urbano e 463 km no rodoviário, de acordo com a norma SAE J1634, utilizada pelo Inmetro. No uso misto, a autonomia é de 481 km na SAE J1634 e 337 km no PBEV (Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular). É justamente esse total de 337 km que a Renault evidencia para o modelo em seu site de vendas. O valor do PBEV é calculado com uma redução de 30% na autonomia de uso misto da norma SAE J1634 e é o que mais se aproxima da realidade.  

Recarga

Com a bateria 100% carregada, o painel mostra autonomia de 386 km | Foto: Adair Santos/Carros e Carangas

A bateria de 60 kWh é composta de 12 módulos de 24 células cada, distribuídos em duas camadas, com garantia de 8 anos ou 160.000 km. Durante este período, são substituídas gratuitamente caso sofram uma deterioração que resulte em um nível inferior a 70% de sua capacidade nominal. 

Para carregar dos 15% até 80% da carga da bateria em DC 130 kW são necessários apenas 36 minutos e em um Wallbox de 22 kW leva 1h50. O modelo traz de série o cabo Modo 3 para recarga em terminais públicos ou privados. Para uma recarga em casa, numa tomada tradicional, é oferecido como acessório o cabo flexicharger compatível com o modelo. Mas como justamente esse exemplar testado não contava com o cabo, foi necessário recorrer ao totem de um supermercado e de uma concessionária. O final do teste foi com muita emoção: a bateria tinha apenas 4% de carga e nenhuma autonomia em km era mais exibida no painel. O total percorrido em uma semana foi de 453 km (50% cidade e 50% estrada). A boa notícia é que a autonomia mostrada pelo carro é confiável. O totem de carregamento está disponível por cerca de R$ 12 mil extras e permite ao proprietário planejar o carregamento diariamente, evitando perrengues.  

Resumo da Resenha

Moderno, tecnológico e seguro, o Megane E-tech atende perfeitamente quem roda bastante na cidade e faz viagens de até 300 km. A autonomia do modelo é um meio-termo entre o que há de pior (200 km) e de melhor (500 km) no mercado, mas a sua ampliação seria um importante diferencial para a Renault. O preço promocional de R$ 199,9 mil o torna uma atraente opção no segmento, facilitado pela ampla rede de concessionárias da marca.

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