Lobo em pele de cordeiro: Peugeot 208 ganha novo fôlego com motor turbo. Confira o teste!

A chegada do motor turbo com injeção direta, em setembro passado, deu novo ânimo ao Peugeot 208. Com apenas três cilindros, o 1.0 desenvolve potência de 125 cv com gasolina e 130 cv com álcool, ambos a 5.750 rpm, e torque de 20,40 kgfm a apenas 1.750 rpm com qualquer um dos combustíveis. Ou seja: potência de 1.6 aspirado e torque de 2.0 aspirado, números que permitem ao carro acelerar de 0 a 100 km/h em 9,2 s com gasolina e 9 s com álcool, atingindo 206 km/h com qualquer um dos combustíveis. Mas e como fica o consumo? Confira as impressões ao dirigir.  

Adesivo na traseira é um dos poucos diferenciais da versão Style turbo em relação às aspiradas | Foto: Rafael Santos/Especial/Carros e Carangas

O 1.0 turbo do hatch da Peugeot é o mesmo que equipa os Fiat Fastback, Pulse e Strada. A versão enviada pela montadora para o tradicional teste de uma semana foi a intermediária Style Turbo CVT, que custa R$ 109,99 mil. Mas por R$ 99,99 mil é possível levar para casa a versão de entrada turbo, a Allure CVT. Já nos primeiros minutos, a novidade agrada em cheio, pois não é preciso acelerar muito para o carro desenvolver velocidade rapidamente. Produzido pela japonesa Aisin, o câmbio CVT com 7 marchas simuladas tem ótima calibragem, aproveitando cada gota de potência e torque. Há opção de fazer as trocas manualmente, pela alavanca de câmbio. A tecla Sport, bastante camuflada ao lado esquerdo do volante, eleva as rotações das trocas ao ser acionada. As versões turbo bem que mereciam borboletas para que o motorista pudesse fazer as trocas sem tirar as mãos do volante.   

A suspensão tem bom equilíbrio entre maciez e estabilidade. Para o meu gosto pessoal, em se tratando de carro turbo, poderia até ser um pouco mais rígida. Segundo a montadora, as versões turbinadas receberam ajuste específico na suspensão dianteira e novas pinças de freio. A soleira e os pedais esportivos em alumínio dão um toque extra de esportividade.

Propulsor desenvolve potência de 125 cv com gasolina e 130 cv com álcool e torque de 20,40 kgfm com qualquer um dos combustíveis | Foto: Adair Santos/Carros e Carangas

O desempenho do 1.0 turbo – produzido em Betim (MG) – é muito superior ao 1.6 e ao 1.0 aspirados disponíveis na linha 208. Confira as comparações a seguir. O Firefly 1.0 de 3 cilindros gera 71 cv com gasolina e 75 cv com álcool (ambos a 6.000 rpm), bem como torque de 10 kgfm a 3.250 rpm e 10,7 kgfm (a 3.500 rpm), respectivamente. Acoplado ao câmbio manual de 5 marchas, acelera o carro de 0 a 100 km/h em 15,4 s com gasolina e 14,5 s com álcool, atingindo 164 km/h com qualquer um dos combustíveis, garante a fábrica. Já o consumo na cidade, com gasolina, é de 13,3 km/l e, na estrada, 15,8 km/l. Com álcool, faz 9,6 km/l na cidade e 11,1 km/l na rodovia.

Já o 1.6 Flex Start de 4 cilindros gera 113 cv com gasolina e 120 cv com álcool a 6.000 rpm, bem como torque de 15,4 kgfm a 4.250 rpm e 15,67 kgfm a 4.500 rpm, respectivamente. Acoplado ao câmbio automático de 6 marchas, permite acelerar de 0 a 100 km/h em 12,6 s com gasolina e 12 s com álcool, alcançando 190 km/h com qualquer um dos combustíveis. Já o consumo com gasolina é de 11,1 km/l na cidade e 12,9 km/l na estrada. Com álcool, é de 7,7 km/l na cidade e 9,1 km/l na rodovia.

Já o consumo do 1.0 turbo com gasolina alcança 12,5 km/l na cidade e 14,1 km/l na estrada, conforme o Inmetro. Durante o teste, com gasolina fez 15 km/l na estrada. Com álcool, é de 8,8 km/l na cidade e 10 km/l na estrada, também segundo o Inmetro. Ou seja: é mais econômico e anda mais que o 1.6 aspirado.  Só não é mais econômico quando comparado ao 1.0 aspirado, mas neste caso há um abismo no quesito desempenho que compensa o investimento.

Design marcante

Visual não é o mesmo da Europa, reestilizado na metade do ano, mas ainda segue moderno | Foto: Rafael Santos/Especial/Carros e Carangas

São poucas as diferenças externas que denunciam a versão turbo: apenas alguns adesivos, como o existente na traseira. Discreto até demais, mas sinceramente eu prefiro um carro assim do que pseudoesportivos repletos de penduricalhos que não andam sequer 1 km/h a mais que suas versões de linha. Os mais atentos também vão observar as rodas aro 17’’ calçadas com pneus de perfil baixo: 205/45.

Na Europa o 208 foi reestilizado em julho, mas esse visual ainda cativa pela modernidade, que na frente traz belos faróis, luzes DRL na vertical e grade composta por dezenas de pontos cromados. Atrás, as lanternas se estendem por toda a largura do carro, ao melhor estilo Porsche.

Volante de pequenas dimensões

Condutor enxerga as informações do cluster sobre o volante, e não pelo meio do aro | Foto: Adair Santos/Carros e Carangas

O volante pequeno já se transformou em uma tradição nos novos Peugeot. O motorista enxerga as informações do painel de instrumentos por cima dele, e não pelo centro do aro, como na maioria dos carros disponíveis no mercado. Em modelos como o e-2008, não tive problemas ergonômicos, mas como o 208 tem dimensões mais compactas, minhas pernas encostaram na parte de baixo do volante todas as vezes em que saí da cabine. O modelo tem 4,05 m de comprimento, 2,53 m de entre-eixos, 1,74 m de largura e 1,45 m de altura. A versão Style pesa 1.177 kg. Porta-malas tem capacidade para 311 litros e, o tanque, para 47 litros.  

Porta-malas tem capacidade para 311 litros de bagagens | Foto: Adair Santos/Carros e Carangas

A boa notícia é que os comandos para fechar os vidros agora estão onde sempre deveriam estar: nas portas. Lembram como era até pouco tempo atrás? Esses botões ficavam no console central, próximo da alavanca de câmbio, algo ainda verificado na Citroën. Certa vez, em uma coletiva de imprensa da Peugeot, um colega jornalista questionou a engenharia da montadora se essa medida era para economizar fiações. A resposta foi a seguinte: “Nossos clientes gostam da localização dos botões.” Bom, quem gostava, agora terá que deixar de gostar e se acostumar com o local tradicional, muito mais prático.

Equipamentos de série

Duas telas sobrepostas dão o efeito 3D ao painel de instrumentos | Foto: Adair Santos/Carros e Carangas

Os bancos são estilosos, mesclando tecido e couro. O interior do carro é escurecido e traz tapetes bordados. O ar-condicionado conta com melhor desempenho graças à adoção de um compressor mais potente.

De série, o 208 traz o i-Cockpit 3D, com um cluster em que as informações principais são projetadas em uma terceira camada, como se flutuassem diante dos olhos do motorista, dando o visual tridimensional. Esse efeito ocorre com a adoção de duas telas.

A Style traz o sistema de estacionamento Visiopark 180º, ponteira cromada e as novas rodas Bronx aro 17’’ com acabamento dark grey diamond. Há ainda faróis full LED e teto solar, que no entanto não abre, é apenas panorâmico. O sistema Entry n’ Go é bastante prático, pois basta se afastar com a chave para trancar automaticamente o carro.

O Peugeot Driver Assist, composto por alerta de colisão, frenagem de emergência automática, auxílio de farol alto, reconhecimento automático de sinalização de velocidade, detector de fadiga, alerta e correção de permanência em faixa, só está disponível na topo de linha Griffe (R$ 114,99 mil).

Resumo da Resenha

É preciso olhar bem para identificar as versões turbo do 208, um hatch discreto que anda mais do que algumas versões espalhafatosas e ‘‘esportivadas’’ por aí. Seu desempenho não compromete a boa economia, próxima de um carro 1.0 aspirado: basta andar civilizadamente a 80 km/h na estrada para que faça 15 km/l, como mostrou na prática. Tudo isso o torna uma excelente opção de compra no segmento.