Honda HR-V Touring: vale a pena comprar a versão turbo? Confira desempenho e economia da configuração topo de linha

As lanternas em LED têm visual slim e são muito bonitas – as da geração anterior, com design assimétrico, não agradam a todos | Foto: Adair Santos/Carros e Carangas

Já percebeu que dá para contar nos dedos as opções de motores turbo disponíveis na linha Honda? Um deles é o inédito 1.5 DI VTEC Flex de 4 cilindros e que, no HR-V, garante desempenho muito superior quando comparado ao 1.5 aspirado. Porém, resta saber como fica o consumo… Será que vale a pena? Confira as Impressões ao Dirigir.   

Lá se vão 9 anos desde o lançamento nacional do HR-V, realizado em 2015, em Brasília. O carro agradou em cheio o consumidor e até hoje essa primeira geração cativa pelo porte ideal e ótimo equilíbrio entre desempenho e economia proporcionado pelo powertrain. O motor 1.8 i-Vetec FlexOne com até 140 cv a 6.500 rpm e 17,4 kgfm a 5.000 rpm está acoplado ao câmbio CVT.

Em agosto de 2022, foi lançada a aguardada nova geração, que inicialmente chegou com a motorização 1.5 16V DI DOHC i-VTEC. Feito em alumínio, este quatro cilindros aspirado conta com injeção direta de combustível e gera 126 cv a 6.200 rpm, tanto com álcool quanto com gasolina, enquanto o torque máximo é de 15,8 kgfm a 4.600 rpm com etanol e 15,5 kgfm a 4.600 rpm com gasolina. Segundo o Inmetro, com gasolina o consumo é de 12,7 km/l na cidade e 13,9 km/l na estrada. Com álcool, promete 8,8 km/l na cidade e 9,8 km/l na estrada.

São 177 cv a 6.000 rpm e 24,5 kgfm na faixa entre 1.700 rpm e 4.500 rpm, com gasolina ou com álcool | Foto: Adair Santos/Carros e Carangas

A cavalaria menor do 1.5 aspirado em relação à do 1.8 anterior é alvo de muitas comparações, mas já testei essa motorização e considero que seu desempenho é adequado. Não chega a entusiasmar aqueles que gostam de esportividade, mas está bem longe de ser ‘’manca’’, para usar um termo popular. Muita gente que fala isso provavelmente nem andou com o carro. São os pseudoespecialistas da Internet. Por isso é tão importante fazer um test-drive.

Toda essa introdução se faz necessária para facilitar a comparação com a motorização mais potente, a 1.5 DI VTEC Turbo Flex, também com quatro cilindros e igualmente equipada com injeção direta, que chegou dois meses depois do 1.5 aspirado. Esse propulsor equipa a configuração enviada pela montadora para o tradicional teste de uma semana, a topo de linha Touring, na cor cinza Grafeno perolizada, comercializada por R$ 195,8 mil. São 177 cv a 6.000 rpm e 24,5 kgfm na faixa entre 1.700 rpm e 4.500 rpm, com gasolina ou com álcool. Acoplado ao competente câmbio CVT, garante bom desempenho e, ainda por cima, economia. Conforme o Inmetro, com gasolina faz 11,3 km/l na cidade e 12,6 km/l na estrada. Durante o teste, porém, a unidade – abastecida com gasolina – registrou facilmente 17,5 km/l na estrada. Com álcool, entretanto, esse motor é beberrão, segundo o Inmetro: 7,9 km/l na cidade e 8,8 km/l na estrada.

Dito isso, conclui-se que desempenho esportivo e boa economia compõem um mundo perfeito. Mas, para isso, é preciso abrir a carteira. Hoje, a versão de entrada do HR-V, a Sensing 1.5 aspirada, custa R$ 160,4 mil (R$ 9,2 mil a mais que os R$ 151,2 mil cobrados em dezembro de 2023), enquanto a configuração turbo mais em conta, a Advance, sai por R$ 186,6 mil.

Ao volante, o carro proporciona a tão desejada posição alta de dirigir e uma suspensão confortável.  Como o torque máximo já está disponível a 1.700 rpm, não é necessário acelerar muito para obter bom desempenho.

Câmbio CVT simula 7 marchas

A transmissão CVT simula 7 marchas, que podem ser trocadas manualmente por meio das borboletas (paddle shifts) atrás do volante.

Produzido na fábrica de Itirapina, São Paulo, o HR-V tem rigidez torcional da carroceria 10% superior à da geração anterior, graças à adoção de aços especiais de alta resistência, que agora representam 8% do total empregado na montagem do monobloco.

Estilo moderno

Faróis full LED são de série em todas as versões e, na Touring, contam com acabamento cromado na moldura interna do bloco do facho alto | Foto: Adair Santos/Carros e Carangas

O carro tem linhas modernas e que ampliam a sensação de largura. Os faróis full LED são de série em todas as versões e, na Touring, contam com acabamento cromado na moldura interna do bloco do facho alto. As lanternas em LED têm visual slim e são muito bonitas – as da geração anterior, com design assimétrico, não agrada a todos. Uma barra em LED une as duas lanternas, cumprindo também a função de luz de posição.

Bons materiais de acabamento

Cockpit traz bons materiais de acabamento e um painel de linhas horizontalizadas | Foto: Adair Santos/Carros e Carangas

A modernidade exalada externamente prossegue no cockpit. Bons materiais de acabamento e um painel de linhas horizontalizadas recepcionam motorista e passageiros. O painel de instrumentos digital TFT de alta resolução de 7’’ reforça o apelo tecnológico. Porém, quando vista de lado, a tela da central multimídia touchscreen de 8’’ com Android Auto e Apple Car Play sem-fio, entretanto tem um visual retrô que não combina, destoando do conjunto.

Os bancos em couro são dotados do Sistema de Estabilização Corporal, tecnologia antifadiga que garante viagens com conforto, pois melhora o suporte. O sistema de modularidade dos bancos Magic Seat, que ganhou fama com o já descontinuado Honda Fit, segue com três modos de utilização (Utility, Long e Tall), que permite a acomodação de objetos das mais amplas dimensões e volumes.

Porta-malas ficou menor em relação à geração anterior

Bagageiro agora comporta 354 litros, 83 litros a menos que os 437 litros do antecessor | Foto: Adair Santos/Carros e Carangas

O HR-V evoluiu em quase todos os aspectos, menos no porta-malas, que agora comporta 354 litros, 83 litros a menos que os 437 litros da geração anterior. A novidade é a abertura do porta-malas sem o uso das mãos, disponível na versão Touring. Basta simular um chute sob o para-choque traseiro, equipado com sensores, para que a tampa abra automaticamente. Mas, para isso, é necessário que o usuário esteja em posse da chave.

Exceto pelo entre-eixos, que mantém os mesmos 2,61 m da geração anterior, o novo HR-V ficou maior em todas as dimensões: são 4,38 m de comprimento (+ 9 cm), 1,79 m de largura (+ 2 cm) e 1,59 m de altura (+ 1cm), garantindo bom espaço inclusive para quem viaja no banco traseiro. Versão pesa 1.422 litros.

Espaço para quem vai atrás é bom graças ao entre-eixos de 2,61 m | Foto: Adair Santos/Carros e Carangas

Tecnologias de assistência à condução

Pacote de tecnologias de segurança e assistência ao motorista, o Honda Sensing é de série em todas as versões do HR-V. O sistema utiliza imagens captadas por uma câmera de longo alcance e de visão grande angular (cerca de 100°) e de um microprocessador de imagem de alta capacidade, oferecendo as seguintes funções:

Piloto automático adaptativo (ACC) é acionado por meio de teclas à direita no volante | Foto: Adair Santos/Carros e Carangas
  • Controle de cruzeiro adaptativo (ACC): auxilia o motorista a manter uma distância segura em relação ao veículo detectado à frente.  Conta com o Low Speed Follow, que permite a manutenção da distância do veículo à frente mesmo em baixas velocidades;
  • Sistema de frenagem para mitigação de colisão (CMBS): aciona o freio ao detectar uma possível colisão frontal para evitar acidentes. É capaz de detectar e identificar pedestres e veículos que estejam no mesmo sentido ou na direção contrária. Bicicletas e motocicletas também podem ser detectadas pela câmera;
  • Sistema de assistência de permanência em faixa (LKAS): detecta as faixas de rodagem e ajusta a direção para auxiliar o motorista a manter o veículo centralizado nas linhas de marcação;
  • Sistema para mitigação de evasão de pista (RDM): detecta a saída da pista e ajusta a direção para evitar acidentes;
  • Ajuste automático de farol (AHB): comutação noturna automática dos fachos baixo e alto dos faróis de acordo com a situação.

Seis air bags e câmera de ré multivisão

Além do Honda Sensing, todas as versões do SUV vêm de série com seis air bags (frontais, laterais e do tipo cortina), assistente de estabilidade e tração (VSA), assistente para redução de ponto cego por câmera no espelho retrovisor do lado do passageiro (LaneWatch), assistente de partida em rampa (HSA), sistema de acionamento de luzes de emergência em frenagens severas (ESS), sistema Isofix (fixação de assentos infantis), alerta de baixa pressão dos pneus (TPMS), câmera de ré multivisão e sensores de estacionamento.

Uma novidade no modelo é o controle de descidas em rampas (HDC), que atua em superfícies de baixa aderência e mantém automaticamente a velocidade, permitindo ao motorista se concentrar exclusivamente no controle da direção, sem precisar pisar no pedal de freio ou acelerador. O sistema funciona entre 3 km/h e 20 km/h.

Equipamentos

Quando vista de lado, a tela da central multimídia touchscreen de 8’’ tem um visual retrô que destoa do conjunto | Foto: Adair Santos/Carros e Carangas

A versão topo de linha Touring traz banco do motorista com acionamento elétrico, partida remota do motor, abertura automática do porta-malas por sensor de movimento com função de fechamento (Walk Away Close), molduras externas black piano, lanternas escurecidas e dois tweeters traseiros.

Equipamentos muito úteis no dia a dia são o rebatimento elétrico dos espelhos retrovisores com a função Tilt-Down, que abaixa automaticamente o retrovisor direito cada vez que a marcha à ré é engatada para visualizar o meio-fio, voltando à posição original quando a posição D do câmbio é selecionada.

O myHonda Connect, plataforma de conectividade, permite consultar status do veículo, acionar controles remotos – como dar a partida no motor e ligar ar-condicionado para climatização da cabine à distância –, encontrar o carro com suporte de mapa, bem como receber alertas e fazer agendamentos de revisões.

Resumo da Resenha

Potente, econômico e tecnológico, o HR-V Touring é uma excelente opção de compra no segmento, tendo como concorrente direto o Toyota Corolla Cross, que conta apenas com propulsor aspirado. O motor 1.5 turbo do HR-V tem desempenho superior e não castiga o bolso na hora de abastecer. Nem o fato de não ter uma opção híbrida, como o Corolla Cross, reduz esse apelo de compra.