Ford Ranger Limited V6: um salto evolutivo em tecnologia, segurança e potência
De tempos em tempos, assim como na natureza, no setor automotivo há modelos que registram um salto evolutivo. Foi o que aconteceu com a Ford Ranger em junho de 2023: além de novo design, a picape recebeu motor V6 turbodiesel, câmbio automático de 10 marchas e um pacote tecnológico de fazer inveja a carros de luxo. Com 250 cv, esse propulsor esbanja potência e permite aceleração de 0 a 100 km/h em 9,2 s, bem como velocidade máxima de 187 km/h, limitada eletronicamente. Mas e quanto ao consumo, será que acaba sacrificado? Confira a resposta no Impressões ao Dirigir.
Fabricada em Pacheco, na Argentina, a Ranger 2024 ainda é novidade nas ruas, chamando atenção principalmente em cores como o laranja Jalapão. A versão enviada pela montadora para o tradicional teste de uma semana foi a topo de linha Limited V6, comercializada por R$ 319,9 mil. Com o kit opcional de equipamentos, que custa R$ 20 mil, seu preço sobe para R$ 339,9 mil.
Os novos faróis em LED no formato de C, interligados por uma barra dupla cromada, são fortemente inspirados na irmã maior F-150, transmitindo sensação de modernidade e força. As novas rodas aro 18’’, calçadas com pneus 255/65 AT, o santo-antônio estilizado na cor do veículo e as belas lanternas traseiras em LED completam o pacote de mudanças externas. Mas as evoluções vão muito além da estética: a nova geração é construída sobre uma plataforma mais moderna, que utiliza chassi maior e 30% mais resistente.
Por dentro, as evoluções são igualmente perceptíveis. À primeira vista, chamam atenção o sistema multimídia de grandes dimensões (com 10” nas versões de entrada e 12” nas configurações topo de linha) e no formato vertical, lembrando um tablet, e também o painel de instrumentos digital configurável (de 8” ou 12,4’’, dependendo da versão). Aqui, vale uma observação: o tacômetro é exibido por meio de uma barra vertical à esquerda, que é um tanto difícil de visualizar, fugindo do padrão tradicional, o relógio. O capricho dos materiais empregados contribui para criar um ambiente aconchegante e requintado. Porém, um modelo desta faixa de preços bem que merecia materiais agradáveis ao toque também na parte superior do painel.
Concluídas as regulagens do banco e volante, que conta com ajuste de altura e profundidade, hora de dar a largada para o início do teste. Já nos primeiros quilômetros impressiona a suavidade da direção elétrica ativa e o silêncio do V6 3.0. São 250 cv a 3.250 rpm e 61,22 kgfm de torque disponíveis a apenas 1.750 rpm, uma característica dos motores a diesel. Basta pisar com suavidade para esta grandalhona com 2.357 kg rodar mais rápido que os demais veículos no frenético fluxo das avenidas de Porto Alegre. Com 10 marchas, algo impensável há alguns anos, o câmbio tradicional com conversor de torque aproveita cada gota de potência e torque do propulsor. Essa transmissão eletrônica E-shifter é a mesma que equipa a F-150 e o Mustang, funcionando de forma precisa e suave. As marchas podem ser trocadas manualmente pela estilosa manopla, não contando com as ‘’borboletas’’ atrás do volante, mas simples de usar.
Nas curvas da RS-020, estrada que liga a capital até Taquara e também a São Francisco de Paula, na Serra Gaúcha, foi possível comprovar o bom nível de silêncio a bordo e a ótima estabilidade. Em um botão circular próximo da manopla, são selecionados os 6 modos de condução: Normal, Eco, Escorregadio, Rebocar/Transportar, Lama/Terra e Areia. Mas no dia a dia não é preciso se preocupar com nada disso, pois a picape faz tudo automaticamente.
A tração 4WD tem distribuição de torque sob demanda e a suspensão conta com amortecedores traseiros de curso ampliado. Os freios foram aprimorados em relação à geração anterior, recebendo discos ventilados nas quatro rodas.
Quando provocado, o motor ronca forte, garantindo boas acelerações e retomadas, algo importantíssimo em ultrapassagens. A Ranger V6 turbodiesel se aproxima, pelo menos na cavalaria, da Ranger Raptor, equipada com um V6 biturbo a gasolina que desenvolve 397 cv e 59,48 kgfm, mas obviamente não no desempenho. Lançada no Brasil em novembro de 2023 por R$ 448,6 mil, a Raptor permite aceleração de 0 a 100 km/h em 5,8 s, enquanto a Limited leva 9,2 s, conforme a Ford. O V6 aposenta o 3.2 Duratorq turbodiesel de 5 cilindros (200 cv e 47,95 kgfm) que desde 2012 reinava nas versões mais caras.
Na família, porém, há outra opção de powertrain: as versões XL e a XLS, com preço inicial de R$ 234,9 mil, estão equipadas com o turbodiesel 2.0 de quatro cilindros, que desenvolve 170 cv a 3.500 rpm e 41,32 kgfm. O 2.2 Duratorq turbodiesel anterior gerava 160 cv a 3.200 rpm e 39,25 kgfm a 1.600 rpm.
Consumo moderado
O consumo da Ranger V6, conforme o Inmetro, é de 8,9 km/l na cidade e 10,2 km/l na estrada, apenas um pouco maior do que o 2.0, que faz 10 km/l na cidade e 11,5 km/l na rodovia. Durante o teste, a V6 chegou a fazer 15 km/l em alguns trechos, mas na maioria das ocasiões percorreu 11 km/l na estrada, acima do prometido.
Na cidade, contribui para a economia o sistema start-stop, que é raro em motores a diesel e desliga o propulsor no sinal vermelho dos semáforos, por exemplo, religando-o automaticamente assim que o motorista tirar o pé do freio.
Como o tanque tem 80 litros de capacidade, na teoria é possível viajar pelo menos 700 km em rodovias, mas em trajeto misto (50% cidade e 50% estrada), a luz da reserva acendeu com 550 km rodados.
Capacidade de carga
A caçamba comporta 1.250 litros e vem com 6 pontos de amarração, além de tomada 12 V. A tampa traseira conta com sistema de molas que reduz significativamente o peso, mas no capô dianteiro a Ford bem que poderia ter instalado amortecedores, pelo menos nas versões topo de linha, para facilitar a vida do usuário.
A Ranger tem ângulo de ataque de 30° e ângulo de saída de 26° e segue com sua boa capacidade de imersão de 80 cm. A capacidade de reboque é de 3.100 kg.
Modelo tem 5,37 m de comprimento, 3,27 m de entre-eixos e 1,88 m de altura. A largura, incluindo os espelhos, é de 2,21 m.
Equipamentos de série
A lista de itens de série da Ranger Limited V6 é extensa: assistente autônomo de frenagem com detecção de pedestres, faróis em LED e farol alto automático, reconhecimento de sinais de trânsito, controle automático em descidas, sensor de chuva, sensor de estacionamento dianteiro e traseiro e sete air bags.
Além de central multimídia com conexão sem fio para Android Auto e Apple CarPlay e carregador por indução, vem com ar-condicionado dual-zone, descansa-braço traseiro e chave com sensor de presença, além do botão de partida. Traz, também, o navegador off-road.
Kit opcional custa R$ 20 mil
O kit opcional vendido por R$ 20 mil acrescenta painel de instrumentos digital de 12,4”, rodas em liga-leve aro 20” calçadas com pneus 265/55 All Season e as tecnologias de assistência que complementam as já disponíveis na Limited: piloto automático adaptativo com stop & go, monitoramento de ponto cego com cobertura de reboque, assistente autônomo de frenagem em marcha à ré e alerta de tráfego cruzado, assistente de manobras evasivas, assistente de permanência e centralização em faixa, assistente de cruzamentos e câmeras 360°.
Conectividade
Graças à nova arquitetura elétrica, totalmente conectada e composta por com 36 módulos que trocam informação de forma integrada, a picape é capaz de receber atualizações à distância (tecnologia OTA – “Over the Air”) para o aprimoramento contínuo de seus sistemas. Por fim, com o aplicativo FordPass, é possível localizar o veículo, dar partida e acionar o ar-condicionado, verificar o travamento das portas, o nível de combustível e até a pressão dos pneus remotamente.
Resumo da Resenha
A mais tecnológica Ranger de todos os tempos compõe um invejável conjunto na versão topo de linha Limited V6. No quesito tecnologia, supera com larga margem a eterna rival Chevrolet S10 – que já não esconde o peso da sua idade – e com leve vantagem a Toyota Hilux, uma referência no segmento das picapes médias.