Fiat Toro vestido com roupa de luxo? Confira o teste da Rampage Laramie turbodiesel
O lançamento da Rampage, em junho passado, foi em alto estilo, com direito a test-drive alucinante na lendária pista de Interlagos, em São Paulo. Agora, chegou a vez de ver como a “menor” das picapes Ram se comporta no dia a dia em termos de desempenho e consumo. Será que a ‘‘baby-Ram” é só um Fiat Toro vestido a caráter para um baile de gala, como insinuam as más línguas?
Desde que foi anunciada no País, a picape vem causando estardalhaço no mercado, fazendo jus ao nome – Rampage, em Inglês, significa agitação, barulho, fúria. Trata-se da primeira Ram desenvolvida no Brasil, pela “bagatela” de R$ 1,3 bilhão em investimentos, incluindo a instalação da linha de montagem, no complexo de Goiana (Pernambuco). Mas basta ver a Rampage de perto para constatar que foi um dinheiro muito bem investido. Como ainda é novidade nas ruas, chama bastante atenção pelo design e porte. Mas não se engane: a designação “menor das picapes Ram” não significa dizer que ela é pequena. É como dizer que o ex-jogador de basquete Michael Jordan, com seus 1,98 m de altura, é “baixinho” em relação ao Shaquille O’Neal, que tem 2,16 m. Ou seja: não tem baixinho em terra de gigantes.
São 5,03 m de comprimento, contra 5,81 m da Classic e da Rebel e 6,06 m da 2500 e da 3500. Em termos de tamanho, essas dimensões a colocam entre as compacto-médias, como o Fiat Toro (4,94 m), e as médias, como a nova Ford Ranger (5,37 m) e Toyota Hilux (5,32 m). Quando vista ao vivo, porém, está mais para o andar de cima do que o de baixo. A Rampage tem 2,94 m de entre-eixos, 1,78 m de altura e 1,89 m de largura (sem considerar os retrovisores), pesando entre 1.906 kg e 1.942 kg, dependendo da versão. A título de comparação, a Classic tem 2.553 kg, a 2500 pesa 3.448 kg e, a 3500, 3.600 kg.
Em termos de “size impression”, o porte da Rampage se aproxima bastante ao da Ford Maverick, que tem 5,07 m de comprimento e hoje é vendida por R$ 224,89 mil – em junho, no lançamento da Rampage, a Maverick custava R$ 244,89 mil, R$ 20 mil a mais.
Na caçamba, cabem 980 litros de volume e a tampa traseira tem acionamento suave graças a um sistema de amortecimento. Dois acessórios bacanas são a capota marítima com acionamento elétrico, que custa R$ 8 mil e confere um acabamento refinado, e a divisória interna da caçamba, por 500 reais. A capacidade de carga é de 1.015 kg nas configurações a diesel e 750 kg nas equipadas com motor a gasolina.
Motor 2.0 turbodiesel de 170 cv é um velho conhecido dos brasileiros
A versão enviada pela fábrica para o tradicional teste de uma semana foi a intermediária Laramie turbodiesel, que na sua estreia custava R$ 249,99 mil e agora ficou R$ 7 mil mais cara, sendo comercializada por R$ 256,9 mil. Já a versão de entrada Rebel diesel sai por R$ 244,79 mil e a topo de linha R/T a gasolina, por R$ 277,49 mil.
A Laramie também tem a opção do propulsor a gasolina, mas esse exemplar testado é equipada com o motor 2.0 Multijet Turbodiesel de 4 cilindros, o mesmo que já foi usado no Jeep Renegade e que segue equipando vários modelos da Stellantis (incluindo o próprio Fiat Toro). Na Rampage, também está presente na configuração Rebel. O propulsor gera 170 cv de potência a 3.750 rpm e 38,8 kgfm de torque a 1.750 rpm, permitindo aceleração de 0 a 100 km/h em 10,9 s e máxima de 186 km/h. O consumo prometido é de 9,8 km/l na cidade e 12,4 km/l na estrada. Durante o teste, o computador de bordo exibiu cerca de 10 km/l na cidade e 15 km/l na rodovia.
Ao volante, a picape agrada desde os primeiros instantes, seja pelo força do powertrain, seja pela maciez e segurança da suspensão (na traseira, é multilink) nas curvas, reforçada pela tração 4×4 automática e rodas aro 18’’ calçadas com pneus 235/60. O fato de a Rampage usar monobloco, e não chassi, como as picapes médias, é decisivo para o conforto de rodagem, fazendo com que tenha comportamento de um carro de passeio. O câmbio automático de 9 marchas é eficiente e faz as trocas com suavidade. A tração reduzida é acionada por meio de um botão no console central. Todas as versões contam com assistente de partidas em rampa e o controle de descida para uso off-road. O vão livre em relação ao solo é de 26,4 cm. Já o ângulo de entrada é de 2,7° (25° na R/T) e de 27,5° (24,5° na R/T).
A outra opção é o Hurricane 4, um 2.0 turbo de 4 cilindros a gasolina que desenvolve potência de 272 cv a 5.200 rpm e torque de 40,8 kgfm a 3.000 rpm. Com esse motor, também acoplado ao câmbio automático de 9 marchas, a aceleração de 0 a 100 km/h é feita em 7,1 s e a máxima chega a 210 km/h. A R/T é mais rápida, acelerando de 0 a 100 km/h em 6,9 s e alcançando 220 km/h. O consumo com gasolina é de 8 km/l na cidade e 10 km/l na estrada, revela a montadora.
Design cheio de personalidade
Ao vivo, a Rampage cativa pelo design ao mesmo tempo elegante e imponente. Muitos chegaram a cofundi-la com a Ram 1.500. Os faróis em LED são separados pela grade trapezoidal. Abaixo, estão os faróis de neblina também em LED com a função cornering, que direciona-os automaticamente para o lado em que o motorista gira o volante. As lanternas, segundo a Ram, homenageiam a bandeira dos Estados Unidos sempre que iluminadas, pois têm grafismos internos em vermelho e sua luz de ré lembra o retângulo que, na flâmula, abriga as estrelas.
De qualquer maneira, a Laramie traz acabamentos externos cromados, como grade, capa dos retrovisores, maçanetas, rodas e para-choque traseiro. Na Rebel, esses elementos são em preto e grafite, enquanto na esportiva R/T traz os itens são em preto brilhante e na cor da carroceria.
Acabamentos internos de primeira qualidade
Couro e materiais agradáveis ao toque estão por toda a parte no cockpit, como painéis e revestimentos de portas. A central multimídia Uconnect com tela de 12,3” permite conexão sem fio para Android Auto e Apple CarPlay. O Ram Connect é de série e disponibiliza uma série de serviços de conectividade e segurança, como assistência de emergência e monitoramento 24 horas. Compradores da picape recebem gratuitamente um ano de wi-fi embarcado. Internamente, os porta-objetos totalizam 35,4 litros de armazenamento.
O som da marca Harman Kardon tem 10 alto-falantes e um subwoofer de 6”, totalizando 360 watts de potência, mas é opcional para todas as versões, assim como luzes ambientes e banco do passageiro com ajustes elétricos.
Abaixo do painel central, há um prático nicho para colocar o celular. Porém, absolutamente todas as vezes em que fui colocar o smartphone nesse espaço, acabei encostando o aparelho em alguma tecla – ora no botão do pisca-alerta, ora no que desliga o sensor de estacionamento.
Bom leque segurança e tecnologia
A segurança da Rampage começa pelo monobloco, composto por 86% de aços de alta e ultraressistência, e prossegue em itens como 7 air bags e sistema que reduz a rolagem da carroceria. O pacote de assistência à condução inclui piloto automático adaptativo com Stop&Go, alerta de colisão frontal com frenagem autônoma de emergência e detecção de pedestres e ciclistas, detecção de tráfego traseiro cruzado e alerta de saída de faixa com correção.
Resumo da Resenha
Sim, a plataforma é do Fiat Toro mas, ao ser usada na Rampage, recebeu 60% de mudanças. Já a carroceria é 85% nova. Então, respondendo à pergunta: não, a Rampage é um Toro vestido a rigor. Tanto no design quanto dirigibilidade e no posicionamento de preços, é uma picape muito diferente da irmã feita pela Fiat, tabelada entre R$ 149,9 mil e R$ 210,99 mil. Nos luxuosos acabamentos internos, fica ainda mais evidente que se está a bordo de uma legítima Ram. Em relação às tecnologias de assistência à condução, a Rampage estabelece novos parâmetros para o segmento que afetam tanto concorrentes médias quanto as compacto-médias. Prova disso são “misteriosas” reduções de preços feitas por outras marcas após o seu lançamento. Quem ganha são os fãs de picapes.