Fiat Fastback Abarth: a versão envenenada que acelera muito e bebe pouco

O branco da carroceria contrasta com o teto, retrovisores e rodas raiadas aro 18″ na cor preta | Foto: Adair Santos/Carros e Carangas

O aerofólio traseiro, as rodas exclusivas e a ponteira de escape dupla dão as primeiras pistas de que se trata de uma versão apimentada do Fiat Fastback. A confirmação aos desavisados vem quando é dada a partida no motor Turbo 270 e um som grave ressoa no ambiente. Preparado pela divisão esportiva da Fiat, este Fastback tem diferenciais que vão muito além do visual. Mas será que toda essa cavalaria sacrifica o consumo? Confira as Impressões ao Dirigir.  

À primeira vista, o que mais chama a atenção nas ruas é a ausência de logos da Fiat na carroceria. A ponto de algumas pessoas perguntarem: ‘‘Que carro é este?’’. Na tampa do porta-malas, ao invés de Fastback a versão traz a inscrição Abarth. Nas laterais e na grade está o emblema com o famoso escorpião que é marca registrada da empresa fundada em 1945 pelo italiano Carlo Abarth e adquirida pela Fiat em 1971. O branco Banchisa da carroceria do exemplar enviado pela montadora para o tradicional teste de uma semana contrasta com o teto, retrovisores e as rodas raiadas na cor preta (aro 18’’, calçadas com pneus 215/45). Também é possível optar pelas cores cinza Strato, preto Volcano e vermelho Montecarlo com detalhes em vermelho. Tanto os faróis quanto as lanternas contam com a tecnologia full LED. Quando visto de trás, o modelo lembra bastante o BMW X4, não tem como negar. Alguns não gostam, mas na verdade ser confundido com um BMW é algo que contribui para aumentar o status.

Propulsor gera 180 cv com gasolina e 185 cv com etanol | Foto: Adair Santos/Carros e Carangas

O Fastback Abarth traz intervenções mais amplas do que a configuração Limited Edition Powered by Abarth que, apesar de contar com o mesmo motor 1.3 Turbo 270 de 4 cilindros, possui apenas o visual da divisão de performance, sem o mesmo nível de modificações. Esse propulsor gera 180 cv com gasolina e 185 cv com etanol, bem como e 27 kgfm de torque com qualquer um dos combustíveis. A versão Abarth acelera de 0 a 100 km/h em apenas 7,6 s com etanol e em 8 s com gasolina, alcançando a velocidade máxima de 220 km/h com etanol e 219 km/h com gasolina. A Limited Edition Powered by Abarth cumpre a prova de 0 a 100 km/h em 8,1 s com etanol e em 8,4 s com gasolina, atingindo 210 km/h de máxima com qualquer um dos combustíveis.  

O melhor desempenho em relação às versões equipadas com o motor turbo 1.0 200 flex de 3 cilindros (125 cv com gasolina e 130 cv com álcool, bem como torque de 20,4 kgfm com qualquer um dos combustíveis) é ainda mais gritante. Essas configurações aceleram de 0 a 100 km/h em 9,4 s com etanol e em 9,7 s com gasolina, atingindo máxima de 193 km/h com etanol e 190 km/h com gasolina.

O som grave e esportivo do escapamento

O som do escapamento é grave e instiga o motorista a acelerar. O painel de instrumentos digital de 7” com grafismos em vermelho é exclusivo da Abarth. É muito bacana poder acompanhar a pressão do turbo, força G e potência na tela principal. A potência máxima está disponível a 5.750 rpm, enquanto o torque chega bem mais cedo, em apenas 1.750 rpm.

No modo Poison, fica ainda mais grave. Esse modo envenenado, como o nome em Inglês sugere, é acionado por um botão no volante e, de imediato, aumenta as rotações do motor em cerca de 800 rpm com a mesma pressão no acelerador. Além disso, as trocas de marchas do câmbio automático tradicional de 6 marchas ficam mais rápidas e há uma atuação mais branda dos controles de tração e estabilidade. Com isso, o motorista pode ousar mais. Esses controles, aliás, podem ser desligados por meio de um botão no console central pelos motoristas que gostam de ousar mais.

Modo envenenado Poison é acionado por botão e, de imediato, aumenta as rotações do motor em cerca de 800 rpm | Foto: Adair Santos/Carros e Carangas

Tudo muito legal, tudo muito esportivo, mas há uma verdade nua e crua que precisa ser dita: é preciso gostar muito, mas muito mesmo desse som grave que fica o tempo todo ali, nos ouvidos de todos, mesmo em velocidade de cruzeiro. Numa viagem mais longa, depois de uma hora poderá ser um incômodo para quem realmente não for apaixonado.

Dito isso, coisa linda é ouvir o som do motor reduzindo as marchas pelas borboletas no volante em descidas de Serra ou a cada sinaleira fechada. Outra opção é deslocar a alavanca de câmbio para a esquerda e fazer as trocas manualmente, de forma sequencial, aumentando as marchas para trás e reduzindo para a frente.

Suspensão tem acerto firme

Modelo tem suspensão é 0,5 cm mais baixa do que as demais versões do Fastback, contando ainda com molas e amortecedores mais rígidos | Foto: Adair Santos/Carros e Carangas

A suspensão é 0,5 cm mais baixa do que as demais versões do Fastback, contando ainda com molas e amortecedores mais rígidos. O resultado é um acerto firme, mas que ainda assim entrega boa dose de conforto, inclusive para quem vai atrás. Para o meu gosto, poderia ser um pouco mais dura nessa versão esportiva, mas mesmo nas curvas mais fechadas, não decepcionou. Na traseira, a suspensão conta com eixo de torção. Dá conta do recado, mas esta versão bem que merecia um sistema multilink, muito mais eficiente para a proposta.

Consumo comedido

O consumo prometido pela montadora, com gasolina, é de 10,3 km/l na cidade e 13,1 km/l na estrada. Com álcool, é de 7,2 km/l na cidade e 9,3 km/l na estrada. Durante o teste, em trechos de estrada o exemplar enviado pela montadora superou facilmente os 15 km/l. Mas no uso diário, o tanque – com 47 litros de capacidade – entrou na reserva aos 351 km, com média geral de 10,1 km/l, em percurso 50% cidade e 50% estrada.

A versão Limited Edition Powered by Abarth é um pouco mais econômica: com gasolina, faz 11,3 km/l na cidade e 13,6 km/l na estrada. Com álcool, esses números são de 7,9 km/l na cidade e 9,7 km/l na estrada. Já o consumo das versões equipadas com o 1.0 turbo, com gasolina, é de 11,3 km/l na cidade e 13,9 km/l na estrada. Com álcool, é de 8,1 km/l na cidade e 9,7 km/l na estrada.  

Dimensões

Porta-malas tem ótima capacidade, comportando 600 litros de bagagens | Foto: Adair Santos/Carros e Carangas

O modelo tem 4,42 m de comprimento, 2,53 m de entre-eixos, 1,78 m de largura e 1,54 m de altura. A acentuada queda da coluna C exige atenção na hora de acessar os bancos traseiros para não bater a cabeça. É o preço que o design cobra algumas vezes. Porta-malas tem ótima capacidade, comportando 600 litros. Versão pesa 1.299 kg (46 kg a mais que a Audace 1.0).

Revestimentos imitam fibra de carbono

Por dentro, o Fastback Abarth oferece bons níveis de conforto e tecnologia. O interior escurecido traz detalhes em vermelho, além de painel com revestimento que simula fibra de carbono. O volante é revestido em couro perfurado e os bancos contam com costura vermelha. Para completar, o badge Abarth no painel é um detalhe que reforça a identidade. Por dentro e por fora do veículo, há 13 escorpiões. 

Gama completa de equipamentos

Interior escurecido traz detalhes em vermelho, além de painel com revestimento que simula fibra de carbono | Foto: Adair Santos/Carros e Carangas

O modelo topo de linha não tem opcionais, vindo de fábrica com a central multimídia de 10,1” equipada com Android Auto e Apple Carplay. Além disso, conta ainda com um carregador de celular por indução e entradas USB-A e USB-C. Versão também traz a plataforma de serviços conectados Connect////Me, que oferece mais de 30 funcionalidades.  

A versão também vem bem equipada em termos de sistemas de assistência à condução: o Adas inclui alerta de colisão frontal, frenagem autônoma de emergência, alerta de saída de faixa com correção ativa e comutação automática do farol alto. Esses itens são capazes de prevenir ou minimizar impactos em situações de risco, aumentando a segurança, garante a montadora. Além disso, o carro conta com air bags frontais e laterais de tórax e cabeça para motorista e passageiros, sensor de chuva e luminosidade, que ajusta automaticamente os faróis e os limpadores de para-brisa de acordo com as condições climáticas. Modelo traz, ainda, ar-condicionado automático digital, keyless Entry’nGo com partida remota e freio de estacionamento eletrônico automático com Auto Hold.

Resumo da Resenha

O Fastback Abarth custa R$ 162,99 mil, R$ 3 mil a mais que os R$ 159,99 mil cobrados pelo Fiat Fastback Limited Edition Powered by Abarth, que tem apenas o visual Abarth. É um valor bastante justo para levar este esportivo para a garagem, compensando com boas doses de diversão ao volante. Entre um carro com preparação Abarth e outro apenas com o visual Abarth, eu fico com o primeiro.