Dicas para comprar um usado no período pós-enchente: 7 sinais de que o carro foi atingido por alagamento
Todos os anos, milhares de veículos são atingidos por alagamentos no Brasil. Só na histórica tragédia climática registrada em maio no Rio Grande do Sul, foram 200 mil carros afetados, dos quais 3 mil unidades zero-quilômetro, conforme estimativas. Um percentual teve perda total, mas a maioria foi higienizada e recuperada. O problema é que, no período pós-enchente, muitos desses veículos “inundam” o mercado de seminovos e usados. Partindo do princípio de que nem todos os vendedores são sinceros em avisar sobre esse importante detalhe, como saber que determinado modelo ficou submerso? Confira 7 sinais de que o carro foi atingido por alagamento.
1 – Cheiros estranhos
Responda sinceramente: como você acha que é limpo um carro que está com resquícios de lama até a altura do painel? Com panos úmidos e de forma delicada como ocorre normalmente? Negativo: para dar conta da alta demanda, é utilizada mangueira ou até lava-jato, como eu próprio testemunhei nas últimas semanas. Dessa forma, por melhor que tenha sido higienizado, sempre vai ficar algum odor que remeta à agua, nem que seja um leve cheiro de mofo ao abrir o capô ou porta-malas. O contrário também pode ser um indício: desconfie daquele modelo quase zero que está com excessivo cheiro de produtos de limpeza ou odorizadores automotivos.
2 – Pontos de oxidação e ferrugem
Milhares de exemplares de veículos permaneceram por mais de um mês inundados em estacionamentos e locadoras de Porto Alegre. Por mais que o tratamento anticorrosivo tenha evoluído nas últimas décadas, as chances de terem pontos de oxidação são muito grandes, pois é bastante tempo embaixo d’água. Até porque estamos falando de carros, e não de veículos anfíbios ou barcos. Levante carpetes e borrachas para verificar sinais junto às portas e à tampa do porta-malas. Também observe se há pontos de ferrugem no cofre do motor, rodas e escapamento.
3 – Revestimentos não-originais
Um dos principais indícios de que o carro ou picape foi afetado por alagamentos são os feltros instalados abaixo dos carpetes. Conforme lembra o estofador e especialista em higienização de veículos Nelson Francisco da Silva, que atua há mais de duas décadas no segmento em Parobé, o componente que vem originalmente nos carros tem qualidade superior, mas é muito mais caro quando adquirido em concessionárias. Por isso, os preferidos são os disponíveis no mercado paralelo, justamente por serem mais em conta. Já carpetes, forrações de portas e teto geralmente são encontrados apenas nas concessionárias. Mesmo assim, vale a pena verificar se as forrações estão bem coladas e encaixadas.
4 – Painéis desalinhados
Marcas nos parafusos são um indício de que os painéis foram desmontados. Observe, ainda, se durante a remontagem esses componentes foram corretamente encaixados ou se ficaram desníveis e até arranhões nos componentes plásticos.
5 – Luzes acesas no painel
Os sistemas elétrico e eletrônico são os mais sensíveis nos carros modernos. Verifique se há luzes acesas no painel que não apagam mais mesmo depois de o carro estar ligado, como dos freios ABS, motor e sistemas de segurança. “Mesmo que o serviço seja muito bem feito, é quase impossível tirar toda a umidade, gerando problemas no futuro’’, explica o mecânico André Petzinger, de Igrejinha.
6 – Barulhos e rangidos ao rodar
Não há como comprar um carro usado sem antes fazer um test-drive, especialmente se já existe suspeita de que possa ter sido alagado. Preste atenção a rangidos vindos dos rolamentos e barulhos na suspensão, que podem indicar ferrugem ou resquícios de uma lavagem mal-feita.
7 – Problemas mecânicos
Ao dirigir o carro, observe desempenho e aceleração. Falhas no motor ou câmbio podem indicar que não foi feita revisão adequada. Carros alagados que tiveram filtros, óleo e demais fluídos corretamente substituídos não costumam apresentar problemas. Essa regra vale para todos os veículos usados, não apenas para os inundados, podendo identificar um proprietário desleixado e até um automóvel batido.
Resumo da Resenha: vale ou não a pena comprar um carro de enchente?
Dito isso, comprar um carro de enchente é necessariamente uma fria? Não, desde que você tenha conhecimento de que foi sinistrado e o preço esteja bem abaixo da tabela Fipe, pois é bom reservar algum dinheiro para prováveis consertos futuros. Quem não tem conhecimento técnico ou ficou inseguro para seguir as dicas pode recorrer ao mecânico de confiança ou a uma empresa especializada em vistoria cautelar, que cobra em média R$ 300,00 e emite laudo contendo todo o histórico do veículo e sua situação atual.
Cada caso é um caso, pois em alguns a água subiu apenas até a roda, mas em outros passou do teto. O dono pode estar vendendo apenas por ter se desgostado do modelo, porém sempre vale a pena refletir: se nem ele quer mais ficar com o veículo, por que você vai querer comprar? Nessas horas, não tenha pudor e pergunte objetivamente se o carro tem algum tipo de problema legal ou mecânico.