Cronos Drive 1.0: confira desempenho, economia e equipamentos da versão de entrada

Calotas identificam a configuração de entrada Drive 1.0 do sedã, dono de belas linhas | Foto: Adair Santos/Carros e Carangas

Sem o glamour das versões topo de linha, as configurações de entrada costumam focar no custo-benefício, trazendo pacote mais modesto de equipamentos. Por outro lado, são o sonho de consumo de muita gente, pois cabem no bolso. É nesse conceito que está baseado o Fiat Cronos 1.0 Drive, que custa R$ 93,99 mil, R$ 19 mil a menos que a topo de gama Precision 1.3 automática, vendida por R$ 112,99 mil. Confira as qualidades e defeitos desse espartano modelo.

As formas harmônicas do Cronos comprovam todo o talento da escola italiana de design. Nunca ouvi críticas ao seu visual. O modelo, vale ressaltar, é produzido em Córdoba, na Argentina. De cara, percebe-se que estamos diante de uma versão básica pelas calotas que cobrem as rodas aro 15’’ calçadas com pneus 185/60. Ao entrar na cabine, outro sinal da contenção de gastos: os retrovisores com regulagem manual. O sistema elétrico faz falta principalmente na hora de estacionar em marcha à ré, quando o motorista precisa fazer um alongamento para alcançar o comando do espelho direito. Além disso, o volante conta apenas com regulagem de altura, e não de profundidade.  

Interior é moderno e espaçoso, contando com multimídia e volante equipado com diversos comandos | Foto: Adair Santos/Carros e Carangas

Fora isso, o cockpit agrada em vários aspectos, seja pelo sistema multimídia Uconnect de 7’’ touchscreen com Android Auto e Apple Car Play, seja pelos bancos em tecido com belo visual. O painel de instrumentos traz mostradores analógicos e computador de bordo com as funções viagem A e B, consumo médio e instantâneo, autonomia, velocidade média e tempo de percurso. O sensor de estacionamento traseiro é de série, mas melhor ainda seria se já viesse com uma câmera de ré. Todavia, naquilo que realmente importa, a Drive 1.0 faz a lição de casa, trazendo de série itens como ar-condicionado, travas elétricas e monitoramento de pressão dos pneus (iTPMS).

Durante as manobras de estacionamento em marcha à ré, é preciso fazer um alongamento para regular o retrovisor direito | Foto: Adair Santos/Carros e Carangas

Quanto à segurança, vem com luzes diurnas (DRL), sistema que impede o carro de correr para trás nas arrancadas em subidas íngremes (Hill Holder), pontos para fixação de cadeirinhas infantis (Isofix), sinalização de frenagem de emergência (ESS) e os obrigatórios air bag duplo, freios ABS com EBD e controles eletrônicos de tração e estabilidade.  

A versão também traz vidros elétricos nas quatro portas e oferece bom espaço a bordo, inclusive para quem viaja atrás. O sedã tem 4,36 m de comprimento, 2,52 m de entre-eixos, 1,73 m de largura e 1,51 m de altura. No porta-malas, cabem ótimos 525 litros de bagagens. Tapete de borracha é muito útil na hora da limpeza. Esta versão do carro pesa 1.140 kg.

No porta-malas, cabem ótimos 525 litros de bagagens. Tapete de borracha é muito útil na hora da limpeza | Foto: Adair Santos/Carros e Carangas

Motor rende 71 cv com gasolina e 75 cv com álcool

O propulsor 1.0 Firefly de 3 cilindros naturalmente aspirado desenvolve 71 cv com gasolina e 75 cv com álcool a 6.000 rpm, bem como torque de 10 kgfm com gasolina e 10,7 kgfm com etanol a 3.250 rpm. Conforme números da montadora, a aceleração de 0 a 100 km/h leva 15,3 s com gasolina e 14,4 s com álcool.

Vazio, o desempenho é adequado para a proposta da versão, com a 1ª, 2ª e 3ª marchas calibradas com muita competência para uso na cidade, aproveitando bem a força do motor. Porém, com 4 pessoas a bordo e porta-malas cheio, a paisagem começa a passar de forma bem mais lenta e, nas rodovias de pista simples, cada ultrapassagem precisa ser muito bem calculada. E isso que o motor do exemplar enviado pela montadora já havia rodado 13,5 mil km quando chegou em minhas mãos. Ou seja: já estava mais do que amaciado.     

Torque de 10 kgfm com gasolina e 10,7 kgfm com etanol está disponível a 3.250 rpm | Foto: Adair Santos/Carros e Carangas

A economia compensa essa certa letargia: com gasolina, o carro promete 14,6 km/l na cidade e 16,1 km/l na estrada. Com álcool, faz 9,9 km/l na cidade e 11,4 km/l na rodovia, conforme o Inmetro. Durante o teste, entretanto, o sedã chegou a 20 km/l em trechos de estrada. A situação a seguir retrata bem os desafios práticos para quem tenta fazer render ao máximo cada litro de gasolina nos grandes centros urbanos. Em um trecho de 30 km até Novo Hamburgo, a economia chegou a 20 km/l. Ao entrar na cidade, repleta de sinaleiras, baixou para 17,5 km/l e, ao acessar a BR-116 em São Leopoldo – um dos mais congestionados trechos da rodovia no Rio Grande do Sul –, baixou para 16 km/l. Na BR-448, esse número aumentou para 16,5 km/l e, ao enfrentar novamente o trânsito pesado, desta vez na zona norte de Porto Alegre, caiu novamente para 16 km/l, um ótimo número ao longo de 82 km. Em dias anteriores, mesmo andando forte na estrada, ainda assim o computador de bordo apontou bons 14 km/l.   

A direção elétrica progressiva é incrivelmente leve durante as manobras e a suspensão tem calibragem que garante ótimas doses de conforto na cidade. O Cronos é, sem dúvida, um dos carros mais macios que já testei. Porém, em velocidades maiores, como a 110 km/h na BR-290 (free way), essa mesma suspensão macia não transmite a mesma segurança nas curvas.

Resumo da Resenha

A versão de entrada compensa a falta de alguns equipamentos – como rodas em liga-leve e regulagem elétrica dos retrovisores –  com muita economia. É uma boa opção para que mora em cidades de ruas planas, mas quem precisa encarar cotidianamente subidas de Serra com o carro cheio, vale a pena gastar mais R$ 6 mil na versão Drive 1.3, que custa R$ 99,99 mil. O motor tem mais fôlego (98 cv com gasolina e 107 cv com álcool) e entrega economia idêntica, prometendo, com gasolina, 13,4 km/l na cidade e 14,9 km/l na estrada. De qualquer maneira, um test-drive nas duas versões vai acabar rapidamente com qualquer dúvida.