BYD Dolphin EV custa menos que o Renault Kwid elétrico, mas entrega espaço e tecnologias de carro de luxo
São Paulo – Modelo que deve tornar-se um divisor de águas no segmento dos elétricos de entrada no Brasil, o Dolphin EV foi lançado nesta quarta-feira (28). Trata-se do carro mais em conta da chinesa BYD, que agora amplia para 5 o número de modelos disponíveis no País. E surpreende não apenas pela tecnologia, espaço e requinte interno, mas também pelo preço: R$ 149,8 mil. São R$ 50 mil abaixo da expectativa inicial do mercado, colocando-o no mesmo patamar do Renault Kwid E-Tech – que, aliás, custa 100 reais a mais, assim como o Caoa Chery iCar, ambos vendidos por R$ 149,99 mil. O Dolphin (golfinho, em Português) promete rodar 291 km com a carga das baterias, a um custo de 45 reais com energia elétrica. Conforme a engenharia da marca, quando comparado ao gasto de rodagem de um carro a combustão, é como se fizesse 70 km/l. As entregas das primeiras unidades estão previstas para julho.
A apresentação à imprensa especializada ocorreu na capital paulista, com direito a um test-drive bastante curto, de apenas 10 minutos. Porém, já serviu para comprovar que as cidades são o habitat natural deste “golfinho”. A confirmação de que o Dolphin vem equipado com um motor elétrico de 95 cv suscitou uma dúvida: não seria pouca potência para os seus 1.405 kg? Faltou um teste na rodovia para observar a aceleração em velocidades mais elevadas, mas pelo menos no trajeto urbano o seu desempenho agrada bastante, já que os 18,36 kgfm de torque são entregues instantaneamente e transmitidos às rodas dianteiras. Conforme a fábrica, a aceleração de 0 a 100 km/h ocorre em 10,9 s e a velocidade máxima é de 160 km/h. A título de comparação, o Kwid E-Tech tem 65 cv e autonomia de 185 km, acelerando de 0 a 100 km/h em 13,3 s.
É claro que não dá para esperar do Dolphin o mesmo temperamento explosivo do irmão maior Yuan Plus EV, com seus 204 cv de potência e 31,63 kgfm de torque, que garantem aceleração de 0 a 100 km/h em 7,3 s, e velocidade máxima de 150 km/h.
No intenso trânsito paulistano – muito mais carregado que o de cidades como Porto Alegre –, o carro comprovou toda a sua agilidade e boa dirigibilidade. São três modos de condução: Sport, ECO e Snowfield.
A bateria Blade de 44.9kWh pode ter entre 20% e 80% da sua energia regenerada em apenas 25 minutos nos carregadores de alta potência como os existentes em shoppings, postos, estacionamentos e até em residências. Com um adaptador, é possível usar até uma tomada comum de 127 ou 220V, como se fosse um celular.
O modelo é o primeiro veículo de série com sistema de distribuição de energia “8 em 1”, que integra diversos sistemas para aumentar a eficiência em até 89%. Dessa forma, conforme dados do Inmetro, o Dolphin sagra-se como o veículo com melhor eficiência energética disponível no Brasil, ou seja, é o que melhor aproveita a capacidade da bateria com 0,42MJ/km.
Um detalhe interessante é que o sistema VtoL (Vehicle to Load) permite transformar o veículo em um gerador móvel para equipamentos externos, como uma casa. Durante o seu lançamento, no Clube Atlético Monte Líbano, o modelo forneceu energia ao notebook do DJ e também a uma cafeteira, entre outros.
Hatch com jeitão de monovolume
O visual do Dolphin agrada pela harmonia e apelo tecnológico, deixando claro que se trata de um elétrico. É um hatch com jeitão de monovolume. A BYD explica que o design foi inspirado no golfinho, justificando o nome. Olhei atentamente o carro e absolutamente nada – nada mesmo – me lembrou esse animal marinho, mas entendo perfeitamente que esses são conceitos utilizados pelos designers nas suas criações. O importante é que, na prática, o carro agrada pelo visual tanto quando é visto de frente quanto de lado ou de traseira – marcada pelas belas lanternas em LED, que se estendem por toda a largura do carro. Os faróis dianteiros são full LED.
Acabamento caprichado
Internamente, o Dolphin traz um acabamento caprichado, mesclando materiais não apenas macios ao toque, mas também visualmente modernos. Os bancos são aconchegantes, com formato de concha.
A velocidade e outras informações são exibidas em um cluster 100% digital de 5” localizado atrás do volante. Ao centro, chama a atenção a tela de 12,8″ do ICS (Inteligent Cockpit System), que pode ser girada ao simples toque de um botão no volante ou via comando de voz, alternando entre a posição vertical e a horizontal, conforme a preferência do motorista e passageiro. O sistema conta, ainda com seis alto-falantes e, acredite, uma função que permite cantar no karaokê, mas desde que o veículo esteja parado.
Abaixo da tela do sistema multimídia, há um porta-objetos em formato de bandeja que claramente foi concebido para colocar o smartphone e, na sua extremidade, estão botões para comandar diversas funções, como o ar-condicionado. O console central tem design estiloso e também abriga porta-objetos.
Equipamentos
O modelo vem com piloto automático e uma imagem panorâmica que oferece ao motorista uma visibilidade de 360 graus durante as manobras. Também conta com controles de tração e estabilidade, controle de subida e retenção automática do veículo, além de 6 air bags.
Tecnologias
Além da comodidade do Apple Carplay e do Android Auto, há o aplicativo BYD, que permite abrir e trancar o carro pelo celular, programar o ar-condicionado e até verificar o nível da bateria.
Já o serviço OTA garante atualizações à distância no sistema do carro, algo semelhante ao que ocorre com smartphones.
A tecnologia NFC possibilita abrir o veículo com um cartão, bastando aproximá-lo do retrovisor do motorista para destravar a porta.
Um elétrico desde a sua concepção
O modelo utiliza a e-Platform 3.0, desenvolvida especialmente para os elétricos da marca, o que fica evidente porque não há as necessárias adaptações realizadas quando se transforma um modelo a combustão em um elétrico, como é o caso do concorrente Kwid. O bom aproveitamento do espaço interno é um desses indicativos. O entre-eixos de 2,70 m garante ótimo conforto para os joelhos de quem viaja atrás.
Carro tem 4,12 m de comprimento
O modelo tem 4,12 m de comprimento, 1,77 m de largura e 1,57 m de altura. As rodas aro 16” são calçadas com pneus 195/60. No porta-malas, cabem 285 litros de bagagens. O porte é idêntico ao do Honda Fit, que já saiu de linha.
As cores externas disponíveis são o cinza, rosa e amarelo. A garantia para o carro é de cinco anos ou 200 mil quilômetros rodados. A bateria Blade também tem garantia de 200 mil quilômetros, mas por um prazo maior: oito anos.
Resumo da Resenha
O Dolphhin é uma grata surpresa. Com sua tecnologia, bom acabamento e preço competitivo, eleva a régua neste segmento de entrada dos 100% elétricos. Para não perder mercado, ou os concorrentes diretos melhoram o nível de equipamentos, ou reposicionam seus preços – obviamente para baixo.
Viagem a convite da BYD