A Titano tem condições de brigar com Hilux e Ranger? Conheça os pontos fortes e fracos da primeira picape média da Fiat
Demorou, mas a Fiat lançou, enfim, a sua picape média: a Titano chegou ao mercado brasileiro em março passado com muito estardalhaço. Mas justamente essa primeira picape média é basicamente uma Peugeot Landtrack com logotipos da marca italiana. O visual é moderno e os preços convidativos. Porém, será que tem qualidades suficientes para brigar com as líderes de mercado Toyota Hilux, Ford Ranger e Chevrolet S10?
A Landtrack é um projeto relativamente recente, pois foi lançada mundialmente em 2020. Para dar origem à Titano, a Fiat realizou mudanças nas suspensões, coxins de cabine, rodas e bancos, promovendo calibragens específicas para o mercado brasileiro, incluindo maior distância em relação ao solo. Exceto pelo motor 2.2 do Fiat Ducato, o restante é tudo Peugeot. Ambas as marca pertencem à Stellantis. As unidades vendidas no Brasil são produzidas no Uruguai e sabe-se que os planos da montadora para a picape incluem priorizar venda direta e participação em licitações.
Dito isso, vamos ao que interessa. A versão enviada pela montadora para o tradicional teste de uma semana é a topo de linha Ranch na chamativa cor vermelho Tramonto, comercializada por R$ 259,99 mil. Abaixo dela estão a Volcano, por R$ 239,99 mil, e a Endurance, por R$ 219,99 mil. Quando vista ao vivo pela primeira vez, a Titano impressiona pelo tamanho, muito maior que o da irmã Toro e equivalente ao das concorrentes. São 5,33 m de comprimento, 3,18 m de distância entre-eixos, 1,96 m de largura e 1,86 m de altura (1,89 m com as barras longitudinais).
O visual é moderno e agrada de qualquer ângulo. Os faróis afilados de pequenas dimensões contrastam com a grade de grandes proporções com a inscrição Fiat ao centro. Atrás, as lanternas verticais avançam alguns centímetros em direção à lateral e são muito parecidas com as da Nissan Frontier. Confesso que alguns elementos de design também me lembraram a Hilux. As rodas raiadas em liga-leve aro 18”, calçadas com pneus mistos 265/60, dão um toque de esportividade.
Por ser novidade nas ruas, a Titano desperta muita atenção, principalmente entre donos de Toro que pensam em galgar um degrau na linha de picapes da marca. A Ranch traz maçanetas e retrovisores cromados, assim como detalhes do para-choque traseiro. Nesta configuração, são de fábrica os estribos laterais, capota marítima e santo-antônio cromado com barras de proteção dos vidros.
Interior espaçoso
No interior há muito espaço, inclusive para as pernas dos passageiros de trás, que contam com uma saída específica do ar-condicionado de duas zonas. Na parte de trás dos assentos dianteiros, há práticos ganchos retráteis que permitem pendurar bolsas, cabides ou o que mais for conveniente, desde que não pesem mais que 4 kg. Os bancos são confortáveis e os dianteiros contam com regulagens elétricas. Já os assentos traseiros podem ser rebatidos para facilitar o transporte de objetos. No total, são 27 litros de porta-objetos, com espaços para armazenamento até abaixo dos bancos.
Logo nos primeiros instantes fica evidente que se está a bordo de um Peugeot, principalmente pelo design do volante, botões do console central, manopla do câmbio e tela multimídia de 10”. O painel de instrumentos é analógico e seu formato me lembrou o do Chevrolet Agile. Ao centro, há um computador de bordo digital de 4,2” configurável.
Composto por plásticos secos, o painel bem que merecia materiais agradáveis ao toque, pelo menos na versão topo de linha. Entre os poucos requintes visuais estão os insertos em alumínio nas molduras das saídas de ar, da manopla do câmbio, trincos das portas e botões dos comandos do ar-condicionado.
Motor desenvolve 180 cv
O motor 2.2 turbodiesel desenvolve 180 cv de potência a 3.750 rpm e torque máximo de 40,8 kgfm a 2.000 rpm nas versões automáticas, que têm 6 marchas. Na configuração manual, também de 6 velocidades, esse valor é menor: 37,7 kgfm, mas igualmente a 2.000 rpm.
As concorrentes citadas anteriormente têm mais de 200 cv e 50 kgfm de torque. A exceção fica por conta das versões 2.2 da Ranger, que têm 170 cv e 41,32 kgfm, pois a configuração V6 gera 250 cv e 61,22 kgfm. Já a nova S10 tem 207 cv e 52 kgfm, enquanto a Hilux totaliza 204 cv e 50,9 kgfm.
Nas acelerações e retomadas, o propulsor dá conta do recado, apesar de não empolgar muito. Prova disso é a aceleração de 0 a 100 km/h: 12,4 s, tempo que na versão manual sobe ainda mais, para 14,7 s, conforme a Fiat. Já a velocidade máxima para todas as configurações é de 175 km/h.
À frente da manopla de câmbio está o botão circular que permite selecionar os modos de tração: 4×2, 4×4 alta e 4×4 reduzida. A picape conta com uma caixa de transferência e bloqueio manual do diferencial traseiro. Modelo tem 23,5 cm de distância do solo, 29° de ângulo de entrada e 27° de ângulo de saída. A Ranch pesa 2.150 kg e sua capacidade de carga é de 1.020 kg, enquanto a de reboque totaliza 3.500 kg.
A volante, a Titano agrada, principalmente pela leveza da direção hidráulica. Outra comodidade é a regulagem de altura e profundidade do volante. A suspensão garante boa estabilidade, apesar de proporcionar aquele balanço típico das picapes que são montadas sobre chassi e têm sistema traseiro por feixe de molas.
O consumo prometido para a Ranch é de 8,5 km/l na cidade e 9,2 km/l na estrada. Durante os 657 km de avaliação, a média geral registrada ficou acima disso: 10 km/l cravados (50% estrada e 50% cidade). O tanque comporta 80 litros e aos 600 km, acendeu a luz da reserva.
Equipamentos de segurança
De série para todas as versões, a Titano traz 6 air bags, assistente de partida em rampa (Hill start assist), assistente de descida (Hill Descent Control) e controle de tração (TC). Já a câmera 180° off-road e o volante revestido em couro com detalhes em black piano estão presentes a partir da Volcano. A Ranch acrescenta monitoramento de pneus, sensor dianteiro, aviso de saída de faixa, keyless entry n’go e sensor de chuva.
Resumo da Resenha
O visual moderno, o espaço a bordo e a boa capacidade de carga são os principais atributos da picape média da Fiat. Isolamento acústico e acabamentos internos são pontos a avançar. Por fim, a ausência de itens de assistência à condução, como o piloto automático adaptativo (ACC) e a frenagem automática de emergência, que não são oferecidos nem como opcionais na topo de linha Ranch, põe a Titano em desvantagem tecnológica quando comparada às rivais Toyota Hilux, Ford Ranger Chevrolet S10. Entretanto, apesar da menor quantidade de equipamentos, são os preços que equilibram o jogo em favor da Titano:
Diferenças de preços:
- Fiat Titano: preços entre R$ 219,9 mil e R$ 259,9 mil
- Chevrolet S10: preços entre R$ 252,29 mil e R$ 307,99 mil
- Ford Ranger: preços entre R$ 244,9 mil e R$ 326,99 mil
- Toyota Hilux: preços entre R$ 242,59 mil e R$ 371,39 mil
Obviamente, as versões topo de linha das concorrentes são mais equipadas e potentes que a Titano Ranch, mas cobram bem mais por isso: a S10 é R$ 48 mil mais cara; a Ranger custa R$ 67 mil a mais e a Hilux, R$ 111,4 mil a mais. Feitas as contas, cabe ao comprador decidir por um modelo mais despojado e economizar ou, em nome do conforto, desembolsar um valor que pode chegar ao de um SUV compacto zero-quilômetro.